30 de abr. de 2004

Segundo Emprego ou Em busca do vale encantado

Segundo Emprego ou Em busca do vale encantado

O mundo está em ruínas. Desesperados, famintos, quase-mortos vagueiam pelas ruas das grandes cidades à procura de algum bem, de uma luz. É época de trevas, a nova Idade Média do Homem.

Desamparados depois do fim do Estado de Bem Estar social, estes homens acabam por se tornar uma subespécie de nossa humanidade, são os homo mortuis sapiens. Eles vivem à procura de dinheiro, emprego, de algo que lhes devolva o título de humano, afinal um homem suporta qualquer coisa, menos a falta de labor e suas gratificações. Aceitam qualquer trabalho e não precisa que tenha carteira assinada, ou qualquer das outras garantias trabalhistas.

Quando alcançam um emprego, e podem retornar ao lar com o fruto de um dia de trabalho, descobrem, no dia seguinte, que o emprego já não lhes pertence mais. Foi adquirido por outro homo mortuis sapiens que aceitou um salário menor.

Os homo mortuis sapiens vão se proliferando cada vez mais. Para cada um que volta ao status de Humano, outros cinco caem ao seu nível.

Existe uma lenda entre os homo mortuis sapiens, a de um Vale Encantado onde todos possuem emprego, onde a dignidade brota como a nascente de um rio e a esperança cresce viçosamente, cortando o céu. E eles seguem a cada dia, rastejando à busca do vale.

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