30 de abr. de 2002

O quê se passa neste mundo? Ninguém vê o que acontece? E se vêem, fazem alguma coisa?
Não. Estamos todos diante de um gigante estúpido, que com sua arrogância pensa conseguir dominar o mundo. São cianças com armas nas mãos. O pior é que quem pode fazer alguma coisa ainda não acordou, e depois do dia 11 viraram sonâmbulos.


Vamos aos fatos:

1- "Alguns dos nossos agentes designados para o combate ao narcotráfico também se envolveram". Isto foi dito pelo oficial Wayne Madsen ao Guardian. Ele também contou que uma frota militar americana que realizava exercícios no Caribe interferiu na comunicação entre o governo ameaçado da Venezuela com as missões diplomáticas de Cuba, Líbia, Irã e Iraque.

2 - "O poder é importante. Grandes potências podem influenciar a estabilidade internacional para o bem ou para o mal, devido ao seu tamanho, influência e vontade. Grandes potências jamais se preocuparão em cuidar dos seus próprios negócios apenas dentro de suas fronteiras". Isso foi afirmado pela Condoleezza Rice, e ainda disse mais. Disse, também, que o socialismo acabou que os EUA são o xerife do mundo e que não mais irão apenas administrar conflitos civis e dar assistência humanitária.

3 - Foi retirada da Comissão de Direitos Humanos da ONU a resolução para exigir que as medidas contra terrorismo respeitem leis de direitos humanos internacionais.



Extraio reportagem da Maria da Conceição Tavares ao Valor em 28-03-2002

Então, não há nada que possa ameaçar a hegemonia ou império americano?

Tem uma indignação moral crescente, tem uma diplomacia crescente irritadiça. Mas, a questão é a seguinte: se os EUA afundam, pode a Europa compensatoriamente subir? Não há evidências. Então, como é que fica a economia mundial? O Japão, afundado. A América Latina, afundada. A África, estraçalhada. Querem mudar tudo na Alemanha, querem vender a eles até o conceito de direito privado de consultorias privadas, de escritórios de advocacias americanos. Não há mais direito universal, contabilidade que se netenda também não tem. Então, os europeus ficam bravos porque esse não é o modelo deles. A Europa continental herdou o direito público romano, não o direito caso a caso anglo-saxônio, que é dos americanos e ingleses, que estão querendo propagar esse peixe urbis et orbis. No Brasil, os modelos de privatização não foram os seguidos pelas empresas de consultorias americanas, com as regras deles? Quem exigiu que a receita das privatizações fossem esterilizadas com os esqueletos não foi o Fundo Monetário Internacional? Se você tem de um lado o FMI e do outro lado, as consultorias, os bancos deles, como se sai disso?

Mas a Europa...

A Europa poderia reagir se fosse os Estados Unidos da Europa e não é.

Mas essa indignação moral a que a Sra. se referiu...

Sim, mas o que se pode esperar? Que os presidentes dos Estados europeus mandem pau em cima do presidente americano? Fica difícil. De vez em quando, um manda. Até o Fernando manda. Eles protestam de vez em quando: vocês estão exagerando. A Unctad protesta, a Índia, a China. Mas, não passa disso. Quando se reúnem, não passa de declarações e cinismo. Não estavam todos juntos em Monterrey a favor do desenvolvimento, mas deixaram a Argentina resolver os seus problemas? Não vejo nenhum foro para ações. Uma coisa tão simples quanto dar um mínimo de racionalidade à situação de endividamento dos países de periferia, que a Anne Kruger (vice-diretora gerente do FMI), que é conservadora para burro, quando ela pediu um foro para arbitrar, o (secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul) O'Neill disse que naõ era disso, que o mercado resolvia. Quando chega a esse ponto, eles pensam que são os donos do mundo."
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E, para pincelar este desabafo, dou palavra à Jarbas Passarinho: -" A esquerda brasileira adoraria provar que a contra-revolução de 31 de março de 1964 teve a cooperação dos EUA".

Peraí?

Contra-revolução?

Qual foi a revolução que havia tido?

A posse de Jango?

E depois falam que eu sou radical

Como diria Aníbal: "Ou nós encontramos um caminho, ou abrimos um".

29 de abr. de 2002

Da série Deus ainda existe?

Entrevista publicada no Globo 27-04-2002 com Karen Armstrong por Luciana Hidalgo

Sobre Maomé - "Maomé não é carismático para nós, mas é para os muçulmanos, assim como o Confúcio não é carismático para aqueles que não são chineses É muito difícil entender o entusiasmo dos povos em relação às suas figuras religiosas, mas agora somos um só mundo e devemos tentar chegar a esta compreensão. Os ocidentais têm dificuldade em ver isto sem o preconceito herdado da Idade Média....Maomé não era violento, tampouco o Islã carrega esta violência. Ele conseguiu vitórias por meio de práticas pacíficas, que não se assemelhavam às de Ghandi, por exemplo, e mesmo assim levou paz à Arábia Saudita. Mas acabou se desenvolvendo uma imagem, no Ocidente, de Maomé como senhor da guerra, um profeta da espada, que impunha sua religião à força. O que mais impressiona é que esta idéia tenha se desenvolvido na época das Cruzadas, estranhamente quando eram justamente os cristãos que atacavam os muçulmanos"

Sobre as mulheres no islamismo - "Todas as religiões foram más com as mulheres, até mesmo Buda enfrentou uma enorme crise quando começaram a admitir mulheres em sua ordem. Mas algumas continham boas mensagens para elas, como o Islã. A primeira mulher de Maomé, por exemplo, Khadija, acreditou na revelação espiritual do marido antes mesmo que ele acreditasse. O Corão sempre reconheceu legalmente a cidadania feminina, não com a mesma igualdade dos homens, mas naquela Arábia do século VII, quando elas eram tratadas como animais, já foi um grande avanço. Além disso, não há nenhum trecho do Corão que contenha exigências de véus para as mulheres ou ordens para que elas cuidem apenas da casa. Estes costumes apareceram três ou quatro gerações depois de Maomé.....É importante compreender que quase todas as esposas de Maomé representavam alianças políticas e eram mais velhas, sem grandes atrativos sexuais. Sua primeira mulher Khadija, tinha 20 anos a mais do que ele e deu-lhe seis filhos. Somente, após a morte dela, ele teve outras, mas não eram uniões baseadas em sexo, tanto que nenhuma criança nasceu destes casamentos. Os seis filhos de Maomé são de Khadija"

Êta conexãozinha disgramada.....

26 de abr. de 2002

Da série Direita e esquerda ainda existem?

Tratarei do tema abordado brilhantemente por Norberto Bobbio no livro Direita e Esquerda - Razões e significados de uma distinção política.



pag 17

"...num sistema democrático, a alternância entre governos de direita e de esquerda é possível e legítima. Além do mais, definir a esquerda mediante a não-violência leva à necessidade de identificar a direita com o governo da violência, o que é específico, conforme a outra grande dicotomia que cruzo com a dicotomia direita-esquerda, da extrema direita, não da direita genericamente entendida.
Também não me parece convincente a figuração da esquerda como a posição que tende à criação de sociedades abertas contra as sociedades fechadas, que expelem os diversos. As sociedades abertas vivem e se expandem no interior das estruturas institucionais dos regimes democráticos. Não preciso sublinhar a importância do livro sobre a sociedade aberta de um dos mais conhecidos teóricos da democracia, Karl Popper. É verdade, porém, que um governo de direita, embora respeitando as regras da democracia, consente ou promove uma política menos igualitária, como Fernando Savater admitiu ao se referir ao novo prefeito de Madri, do Partido popular, que diante dos problemas de um grupo de imigrantes comentou: "Podiam muito bem estar na casa deles".

Gostaria de citar ainda um clássico contemporâneo do liberalismo, Isaiah Berlin, que considera de esquerda o liberalismoque se opõe ao excessivo poder da autoridade fundada sobre a força da tradição, na qual identifica a principal característica das direitas. Ao mesmo tempo, Berlin também sustenta que o regime autoritário da União Soviética tornou imprestável o uso da distinção entre direita e esquerda, ao usurpar a palavra esquerda".

23 de abr. de 2002

Das eleições francesas muito se pode aprender:
» o eleitorado menos xenófobo e mais "esclarecido" se absteve por não julgar os candidatos legítimos representantes;
» o eleitorado mais xenófobo e menos "esclarecido" manteve a mesma margem de votação de eleições anteriores;
» a fragmentação da esquerda reduziu a pó a chance de concorrerem ao segundo turno;
» as crises sempre trazem os mais pérfidos personagens à tona.

Deveria haver uma legislação eleitoral que permite-se ao voto nulo/branco e à abstenção terem o seu devido valor. Se for maior que o percentual do mais votado, novas eleições. A atual que só permite novas eleições com abstenções superiores a 50 % é inócua.
A direita alarmada vai polarizar agora com o Serra, para impedir um efeito contrarie ao francês no Brasil.

22 de abr. de 2002

Olha o que eu disse
Como será o amanhã? Pergunte à Deus quem puder.
E as eleições, como serão? Com coligações brancas. Mas e a majoritária ?
Serra não desistirá, e ninguém pode forçar um jogo com o detentor da caixa preta do Planalto. O homem do telefone do Angeli agora seria o homem dos dossiês. Vão repartir os poderes para manterem as alianças, mas nada será como antes.
Se a disputa manter-se neste nível com dois candidatos concorrendo ao segundo turno (contra o Lula), a vitória do PT será possível.
Mas, se conseguirem polarizar a eleição a partir do próximo mês ou mais tardar em junho, vai ser difícil destruir o Eixo do Mal do Brasil (PSDB, PFL e CNI)

19 de abr. de 2002

Como medir a crise econômica no Brasil?
Só ver o número de taxis na rua
A ação afirmativa é uma das formas internacionais consagradas de promover a igualdade de oportunidades para segmentos populacionais discriminados como negros e mulheres. Mas pode haver alternativas como uma política democratizante, justa e não-discriminatória para a promover a ascensão na escala social de jovens das classes menos favorecidas seria aumentar o número de bolsas universitárias para estudantes pobres, aprovados em exame vestibular.
Como serão as coligações no Brasil?
PSDB vai juntar todos dentro do saco. Vão repartir o Brasil, assim como fizeram com as fazendas hereditárias, cada um com um naco de terra. E reforma agrária que é bom, necas.
Qual é o problema de votarem no PT? Realmente acreditam do fundo do coração que o PSDB ou qualquer outro têm alternativa melhor para o Brasil do que o PT?
OS EUA afirmam que o Sharon é de paz, que não aceitam qualquer resolução da ONU condenando Israel.
O massacre de Jenin está à vista de todos, arrasaram com o campo de refugiados, negaram aos grupos humanitários apoio às vítimas. Sinceramente, negaram para esconder o que fosse possível, que não houvesse qualquer testemunha, na era das "guerras limpas" realizaram a mais suja delas.
Onde vai parar ?

18 de abr. de 2002

Dia negro - as maquinas pararam, a reuniao nao foi boa, minha mulher perdeu a lente. Falta alguma coisa...

16 de abr. de 2002

Porquê tanta relutância em abandonar um modelo já velho e degastado? Porquê ser tão submisso? Sinceramente, não sei o quê esperar destes 50-40
2ª página do GLOBO, LULA = SERRA + CIRO
Será que se fosse SERRA = LULA + CIRO não seria 1ª página?????

15 de abr. de 2002

E lá vamos nós.
Os EUA mostraram, novamente, que preferem apoiar qualquer um que dê respaldo para a ganância deles. Quer ver? General Ortega, Ferdinando Marcos, Saddam Hussein, Osama bin Laden, os contra-nicaraguenses e, agora, com Carmona, na Venezuela. Chegaram, ainda, a afirmar que não foi Golpe de Estado. Sinceramente, está na hora de parar e pensar qual o rumo que devemos seguir.

12 de abr. de 2002

Os três que entrevistei se dizem preparados. Ciro com sua experiência administrativa, sua curta e intensa vivência no Ministério da Fazenda, seu período de estudos e suas viagens. Ele já foi a 12 cidades do interior do Acre, para se ter uma idéia. Lula liderou a construção de um partido — segundo Torraine, o único partido brasileiro — e viajou pelo Brasil para ver os problemas. Serra foi político desde a juventude, teve forte experiência administrativa e parlamentar influente.
Catado da Coluna de Míriam Leitão
Qual é o papel que cabe a mídia?
Reconhecer-se como um quarto poder e tomar as prerrogativas que um Poder deve tomar?
Somente divulgar notícias superficiais, sem se aprofundar na reportagem?
Não cabe papel, pois a imprensa é livre para seguir qualquer caminho?

O momento é decisivo.
Tempos difíceis, não há espaço mais para outras tentativas.
A situação chegou a um ponto onde o modelo não se suporta mais.
Chegou ao the end!
Mas, qual seria a alternativa?

11 de abr. de 2002