8 de ago. de 2003

MORREU!



Morreu o homem que queria construir o Brasil ao seu feitio. Quase doentio são as homenagens à ele oferecidas nos diversos meios de comunicação. Em todos os meios, diga-se de passagem.

Na televisão, porém, chega ao absurdo de mostrar os anônimos que adoravam o capo de tutti capi. O Jornal da GLobo mostrava pessoas comuns despedindo-se do corpo que seguia para o funeral, das carpideiras espontâneas que emolduram qualquer cortejo funerário.

Depois vieram os famosos. Ministros, presidentes, governadores, e os ex de todos os quadros, todos enaltecendo o valor combativo daquele imperador da Globo. Esses são as carpideiras políticas onde, lembrando Alckmin (não o Geraldo), morreu para vocês, mas que continua vivo no meu coração.

Jornalistas, de todo os portes e estirpes, lembraram a frase dita durante a ditadura de que não deveriam mexer com os comunistas dele. Assim como de sua frase de que o jornalista deve ousar, correr o risco de interpretar a opinião pública, como se isso pressupusesse liberdade. Deveriam lembrar de que os jornalistas interpretariam a opinião pública, de acordo com a opinião do mandarim do jornal.

Ele interferiu na vida do Brasil, para o bem e para o mal. Mas as editorias só irão lembrar do bem, sabendo que muito mal ele fez. Se algum dia alguém viu o potencial que teria a televisão para educar o nosso povo, esse alguém foi Gílson Amado (fundador da TVE) e não 'a múmia do Cosme Velho'. O mais impressionante é que quando foi anunciado a morte, durante um jogo de futebol, houve uma comemoração, como a de um gol, perto da minha casa. Telefonei aos meus pais para contar-lhes o acontecido e eis que meu pai indaga: "Ué, ele já não tinha morrido?"

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