31 de ago. de 2004

Expo Brasil-China

Expo Brasil-China

O Brasil dá um importante passo na busca por um desenvolvimento econômico global que beneficie não só um pequeno grupo de países, mas todas as nações.

Do dia 31 de agosto até 3 de setembro a China será invadida por uma missão brasileira que ocupará 11 mil metros quadrados em Pequim para mostrar tudo que o Brasil pode oferecer ao gigantesco mercado chinês. São mais de 150 companhias brasileiras, entre elas Embraer, CSN, Vale do Rio Doce e Aracruz, assim como estatais como Petrobrás e empresas do grupo Eletrobrás. Esta missão contará com centenas de empresários e executivos dos diversos setores da nossa indústria, comércio e energia.

A China é um enigma ao mundo globalizado. Sua economia é robusta e dinâmica, seu mercado interno é de mais de um bilhão de pessoas e sua política é “comunista democrática de mercado”
[i]. Apesar de ter entrado na OMC em 2001, já é hoje a sexta economia mundial[ii]. Se antes se temia o despertar da China comunista, saiba que hoje ela já acordou e é uma megapotência. No futuro, se a China mantiver seu crescimento atual, ultrapassará os Estados Unidos por volta de 2041, tornando-se a principal potência econômica do mundo[iii].

A China representa hoje um dos maiores exportadores mundiais, devido ao seu vasto litoral e à criação de zonas especiais de comércio nestas áreas. Os produtos chineses são encontrados em todas as prateleiras do mundo e em 2003 o déficit comercial norte-americano com a China foi de U$ 130 bilhões. Mas, nas importações o apetite chinês também é voraz.

Em 2003, a China foi o principal importador mundial de cimento (importou 55% da produção mundial), de carvão (40%), de aço (25%), de níquel (25%) e de alumínio (14%). E foi o segundo principal importador mundial de petróleo, depois dos Estados Unidos. Essas importações maciças provocaram uma explosão de preços nos mercados mundiais. Em especial, os do petróleo.

Entre 1980 e 2003, a China deu um salto. Seu PIB subiu de 240 bilhões para 1,3 trilhão de dólares. Seu comércio externo pulou de 40 para 800 bilhões de dólares. Sua população de 1,2 bilhão de pobres passou a “enriquecer em ondas”. 500 milhões ainda são pobres, 500 milhões atingiram o nível de classe média e 250 milhões já tem poder aquisitivo de classe média alta. O plano da China: chegar em 2020 com 1,4 bilhão no piso de classe média alta (padrão belga de vida).

No campo cultural a China também é um fenômeno. Além de ser a mais velha civilização mundial, é detentora de inúmeras invenções que fazem parte do nosso cotidiano como a pólvora, o sistema decimal, a acupuntura, o ferro fundido, a bússola, o sismógrafo o papel e a tinta nanquim. No cinema a China conseguiu a façanha de ter a maior bilheteria da semana com o filme ‘Hero’ todo falado em chinês, faturando US$ 17,8 milhões nos seus três primeiros dias de exibição nos Estados Unidos.

A visão brasileira de aproximação com a China, leva em consideração todos estes fatores acima mencionados. A importância chinesa vem crescendo e o Brasil não poderia deixar de perceber. Afinal, a exportação brasileira para o país do Sol Nascente (China) é hoje, em sua maioria, de soja e ferro. E o que é que o Brasil têm a oferecer?
O Brasil tem tecnologia no campo das grandes siderurgias e de combustíveis menos poluentes (álcool); tem o maior rebanho bovino verde (imune à doença da vaca louca); tem sucesso na aviação regional com aviões de pequeno e médio porte; tem fartura de minérios para as indústrias de base. Isso são algumas das coisas que fazem arregalarem os olhos dos chineses.
[i] Definição dada por Ignácio Ramonet no editorial do Le Monde Diplomatique, Ed nº 55
[ii] Está situada entre a Grã-Bretanha e a Itália (depois de Estados Unidos, Japão, Alemanha e França) e deverá passar a integrar o G8, grupo dos países mais industrializados que, além dos já citados, inclui o Canadá e a Rússia.
[iii] Segundo a especialista Maryam Khelili, nessa data os seis países mais prósperos do mundo serão a China, os Estados Unidos, a Índia, o Japão, o Brasil e a Rússia.

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