Verdades e mentiras
O ‘grande’ Ali Kamel gasta um precioso espaço no jornal para mostrar as mentiras de Michael Moore. Ponto por ponto, resolve destruir o filme ‘Farenheit 11 de Setembro’, para mostrar aos jovens a verdade escondida sob a alucinação do cineasta norte-americano que está disposto a acabar com Bush. E Ali Kamel está disposto a apoiar Bush e sua política internacional.
Desde o início da guerra no Iraque que o Kamel resolveu ser o Nicholas Kristof brasileiro e ser o baluarte brasileiro da guerra contra o terror. Utilizando de sua origem – Kamel demonstra parentesco árabe – narrou a história da nação árabe, seu surgimento e suas divisões tribais. Depois enveredou por um caminho sem volta de apoiar a guerra e suas conseqüências.
Agora volta suas baterias contra o escandalizante documentário de Michael Moore, assim como faz os conservadores norte-americanos que impediram sua distribuição pelo grupo Disney nos EUA e boicotavam os cinemas que resolvessem exibi-lo.
O pior é que o jornalista Ali Kamel cita ter pesquisado na internet e em jornais americanos, mas não deve ter feito tão bem seus deveres de casa. Ele cita que é mentira dizer que o regime Talibã nunca teve contatos com uma empresa texana, Unocal, para a construção de um gasoduto. Porém, numa rápida pesquisa, se pode constatar que a BBC reportou planos do Afeganistão de construir um gasoduto de 2 bilhões de dólares de investimento e que a Unocal era uma das empresas consorciadas, apesar da empresa oficialmente negar. Ou seja, monsieur Moore não se baseou só no Le Monde (http://news.bbc.co.uk/1/hi/business/1984459.stm)...
O jornalista?, fala, depois, que a invasão do Afeganistão foi feita sem aval da ONU e que depois de provada a culpa do regime talibã em apoiar Bin Laden e suas loucuras, o mundo rendeu-lhe homenagens. E que fez o mesmo com o Iraque, a diferença é que não acharam provas contra Saddam de armas em massa, pois se assim o fosse, o Bush seria novamente ‘herói’. A diferença é que não acharam e Bush se torna um louco, um maníaco por ajudar seus petrolíferos e bélicos amigos.
E assim segue ao dizer que as tv’s norte-americanas não mostraram os horrores da guerra seguindo a mesma postura que as levaram a não exibir as atrocidades das duas torres. Mas ele se esquece de que as tv’s não exibiram seguindo uma postura de não abalar o prestígio das tropas, afinal desde a guerra do Vietnã que o exército americano não vê com bons olhos a liberdade da imprensa de mostrar seus erros.
Mas nem tudo é errado. Ele acerta ao dizer que o Iraque é hoje um front central da geopolítica norte-americana para o Oriente Médio. Um entreposto com enormes reservas de petróleo e água, as maiores riquezas que existem naquelas terras. A política norte-americana é nociva para o mundo. Se o mundo consumisse como os EUA, seria necessário quatro planetas para dar vazão à todo este impulso. E se quisermos entender o porquê do ódio contra os norte-americanos, temos que entender este funcionamento da máquina econômica mundial que mata de fome, de desesperança, naufragando nações, exterminando populações. Mas como vivemos tempos em que muita gente está cega e surda. Não quer ouvir nem ver a ameaça que nos cerca.
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