7 de mar. de 2003

PNUD: o que se pode aprender com os números

DESIGUALDADE ENTRE BRANCOS E NEGROS DIMINUI POUCO


O IDH-M da população negra teve uma evolução ligeiramente maior que o dos brancos ao longo da última década, chegando a 0,700, enquanto o dos brancos chegava a 0,811. Em 1991, o índice dos negros era de 0,619, contra um índice de 0,757 dos brancos.

Apesar da redução da distância, as diferenças entre uma população e outra ainda são acentuadas. O IDH-M de 0,811 colocaria os brancos brasileiros no rol de países com alto desenvolvimento humano. Já o IDH-M de 0,700 dos negros está na faixa dos países com médio desenvolvimento humano. Se fôssemos comparar os resultados com os do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) de 2002, o índice dos brancos seria equivalente ao dos Emirados Árabes Unidos (46º lugar no ranking de 173 países), enquanto o dos negros seria similar ao da República Moldova (105º lugar).

Entre 1991 e 2000, os negros brasileiros tiveram sua maior evolução em desenvolvimento humano na dimensão educação. Seu índice nesse quesito saltou de 0,666 para 0,799. O fator que mais contribuiu para esse salto foi um espetacular crescimento da taxa bruta de freqüência à escola que passou de 58,3% para 79,0%. Sua taxa de alfabetização passou de 70,8% para 80,3%.

A evolução dos negros nesse item, especialmente quanto à taxa de freqüência à escola, pode ser atribuída à universalização do ensino fundamental nos últimos dez anos no país. Mais crianças negras estão nas salas de aula. Ao mesmo tempo, o aumento da taxa de freqüência dos brancos foi de 69,6% para 84,9%.

Na dimensão longevidade, o avanço dos negros também foi proporcionalmente maior do que o dos brancos. A esperança de vida ao nascer (EVN) dos brancos -71 anos- continua muito maior que a dos negros - 65,7 anos. Porém, ao longo da década, a EVN da população negra cresceu 11,9%, praticamente o dobro do crescimento registrado pelos brancos, que foi de 6,7%.

Na dimensão renda, entretanto, o abismo que separa brancos e negros no Brasil permaneceu imutável. Em 1991, a renda per capita média da população negra era 41% da renda da população branca: R$ 128,68 contra R$ 316,70. Em 2000 essa proporção oscilou para 40%: R$ 162,84 contra R$ 406,77.

Longo caminho a percorrer

Há uma outra maneira de comparar a evolução do desenvolvimento humano entre negros e brancos. Chamada de “shortfall”, essa técnica mede quanto da distância que faltava para o IDH ideal uma determinada população conseguiu encurtar em determinado período. No caso dos brancos brasileiros, de 1991 a 2000 eles conseguiram diminuir em 22,5% a distância que os separava do IDH ideal (igual a 1). Ao mesmo tempo, os negros só conseguiram reduzir a distância para o desenvolvimento humano total em 21,3%.

A vantagem desse método é mostrar que, a despeito de grandes avanços, como os obtidos pela população negra brasileira nos anos 90, aqueles grupos que partem de uma situação mais desvantajosa no desenvolvimento humano precisam de um esforço ainda maior para se aproximar da meta ideal do IDH.

Concretamente, os negros brasileiros tinham um IDH de 0,619 em 1991. Sua distância em relação ao desenvolvimento humano total, simbolizado pelo IDH igual a 1, era de 0,381. Em 2000 essa distância havia sido encurtada para 0,300. Ou seja, eles percorreram 21,3% do caminho até o IDH ideal. No caso dos brancos, a distância caiu de 0,243 para 0,189, o que significa uma redução de 22,5% em relação ao desenvolvimento humano total.

Fonte: PNUD

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