11 de set. de 2002

Escrevi este texto há exatamente um ano e logicamente é sobre o 11/9. Infelizmente, nada mudou desde então.

O DIA EM QUE O MUNDO PAROU
Estarrecedor o que aconteceu nos Estados Unidos neste 11 de setembro de 2001. Nunca, na vida real, imaginaría-se que aviões voltariam a bombardear a América do Norte. Foi um soco na boca do estômago de todos.

Dois dos maiores ícones daquele país foram atingidos, sendo um deles totalmente aniquilado. No Pentágono destrui-se a parte relacionada ao alto escalão do exército local, enquanto que o World Trade Center foi posto ao chão. Não se sabe o número de mortos e feridos, nem quando isso irá acabar. O quê se sabe que a espada da justiça norte-americana será levantada e que muito sangue, ainda, irá rolar.

Os talibãs foram apontados como autores dos atentados, mas negaram. Protetores do maior terrorista mundial ainda em atividade, segundo agências norte-americanas de espionagem, os talibãs fazem a leitura mais radical do alcorão (a Bíblia Muçulmana) e se situam na Afeganistão. Há pouco ficaram conhecidos no mundo por derrubarem patrimônios da humanidade, os Budas Gigantes. Essas cenas não podem se repetir.

Mas, para tanto, algumas leituras terão que ser feitas para se atingir aos objetivos pretendidos.

1. Os atentados aconteceram após a Conferência sobre o Racismo.

2. Após os EUA terem se retirado da Conferência sem nada assinar ou sequer ler.

3. A crise econômica é mundial.

4. A sociedade ocidental é injusta.

5. Existem outras sociedades, além da nossa.

6. Não existe um organismo internacional de controle social eficaz e autonomia suficiente.

Urge aos Estados Unidos, agora, parar e pensar. Seu controle econômico e geo-político não evita mais a guerra dentro do próprio lar. Fosse nas reuniões de cúpula do G-8, fosse neste atentado, a violência sempre esteve presente. Vou mais longe, em Gênova, Itália, houve morte. O mundo ocidental está em crise. E não adiantará a retaliação que virá. Porque a violência só gera a violência.

Na Irlanda crianças são apedrejadas por irem à escola num bairro em que não são queridas por sua religiosidade. A segregação religiosa é mais sentida que a social. Assim como na violência, quando a segregação se dá no campo econômico é pouco dimensionada. Principalmente nos meios de comunicação.

E isso é algo a se relevar.

Outro fator relevante é a força do FMI em comparação com a da ONU. Porquê essa diferença? Porquê quando o terrorismo se dá em ataques especulativos ao capital de um país não recebe todo o alarde que o terrorismo tradicional? Será o Capital tão importante que não pode nem se falar? E isso os EUA terão que pensar. Com isso o mundo pensará.

Porque se a retaliação ocorrer, contra quem será? Será contra um Estado Nacional? Sendo essa a resposta, porquê não considerar justo o revide vindo de um grupo de excluídos sociais ao Capital? Quando vemos um adulto machucar uma criança em público, o repreendemos. Se esse mesmo adulto for um empresário e sua empresa não tem um comportamento social adequado, nada fazemos. Pelo contrário, várias vezes são até parabenizadas. No sistema capitalista a exclusão da riqueza se dá numa forma brutal, física até e sempre injusta.

Os últimos tempos vêm mostrando um EUA cada vez mais arrogante, suas recusas nos tratados de Kioto e Durban mais recentemente, quanto a julgamento prévio ao atentado de Oaklahoma de 98, sua posição em relação às patentes de produtos médicos, sua posição em relação à OMC e à ONU. Por tudo isso que seria esse o tempo de refletir.

Será que não seria hora do brasileiro olhar para nossa guerra interna, para a imensa massa de excluídos que, quando acabar toda a capacidade de diálogo, não terá outra alternativa do que o terrorismo. O governo brasileiro possui a mesma arrogância que a norte-americana. Não escuta os berros que alardeiam o perigo que virá. Ao contrário, vira as costas, nega a sua existência, tal qual uma criança faria.

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