Cotas para o racismo
Todos concordam que o negro foi alforriado para continuar serviçal. De que os séculos de opressão racial continuaram apóas a libertação de suas algemas pelo simples fato de que estas deixaram de ser materiais e passaram a ser não-palpáveis. Tudo pelo liberalismo.
Agora vemos a atual situação do negro na sociedade brasileira. Poucos, muitos poucos negros conseguem se libertar deste ranço histórico. A sua grande maioria continuar a sobreviver nas ruas e favelas e condenadas a ser pária de nossa sociedade tupiniquim.
Por isso que aplaudo as ações afirmativas como a da política de cotas para estudantes negros e pardos na UERJ. É a melhor forma de garantirmos o pleno exercício da democracia, de direitos universais e o, principalmente, de possuirmos uma rede de ensino capilarizada com todos os extratos sociais deste imenso país.
O quê digo não é apenas retórica é fato e amplamente reconhecido no mundo. O MIT, a Universidade de Stanford, junto com a IBM, com a DuPont, a Academia de Nacional de Ciências dos EUA, a Academia de Nacional de Engenharia dos EUA e o Conselho Nacional para Acões em pró das Minorias em Engenharia assinaram um acordo em solidariedade com a Universidade de Michigan que vem sendo processada pela sua política de cotas.
Pois bem, estes centros universitários com reconhecimento mundial declaram que os objetivos e missão institucional de uma universidade não podem ser focados apenas em critérios regulares como pontos de uma prova. Prosseguem dizendo que raça, origem e etnia, além de outras considerações, são, ás vezes, mais importantes para o corpo da universidade por proporcionarem um maior escopo social e cultural onde, individualmente todos ganhariam.
A bem da verdade, nossa elite estava acostumada a gastar no último ano secundário de seus filhos a ninharia de R$ 1500 por mês para garantir o ingresso nas faculdades públicas. São colégios como PH, Impacto que lucram com estes vestibulares. O engraçado é ver a defesa contra as cotas ser baseada na qualidade do ensino a ser ministrada nestas turmas de cotas. Como se o funil de entrada garantisse alguma coisa de bom. O indíce de abandono dos alunos em faculdades públicas é enorme, e muito se deve a filhos da elite que não dão a mínima nos cursos universitários.
Imaginem numa faculdade de comunicação os riquinhos da dourada zona sul carioca sentados e discutindo Bordieu, Thompson ou Adorno. Hoje as discussões são estéreis, estes herdeiros nada discutem e cagam solenemente para as aulas. Têm interesse em saber quando são as provas (afinal querem o diploma), mas não sobre a matéria. Sabem que de uma forma ou de outra conseguirão um emprego. Já, os alunos ingressos pelas cotas procurarão o conhecimento que lhes foi negado ou dificultado, perseguirão seus objetivos com mais vigor afinal lutaram para conseguir estas cotas e terão que lutar para provarem serem merecedores destas vagas.
E é esta a grande diferença que vejo no Brasil, uma parte acomodada e com medo, e outra parte querendo participar sem tirar nada de ninguém, mas pedindo um lugar ao sol.
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