19 de fev. de 2003

SE ACM FOSSE MULHER
Da Folha de SP / Gilberto Dimenstein (*)

Transformada em escândalo por causa da descoberta dos grampos telefônicos, a relação extraconjugal do senador Antônio Carlos Magalhães com sua ex-estagiária Adriana Barreto serve como um notável exemplo de desmandos na política - mas também
como a sociedade brasileira trata diferentemente homens de mulheres.

O que sobressai no caso ACM é a questão legal, ou seja, os grampos e o uso do poder político como arma de pressão e de chantagem. Pergunta: se o senador fosse mulher?

Se ele fosse mulher certamente iriam lembrar que ele é um homem casado, portanto cometeu adultério, apontado como prova
de indignidade. Lembrariam que a mulher dele tem câncer. Nas reportagens, quase não aparece que o senador é casado e é
tratado como normal o fato de ele viver quase como um bígamo; a relação era aceita sem problemas pelos amigos e até pelos
familiares de Adriana. Os pais chegaram a brigar com ela depois do rompimento da filha com ACM.

Imagine, então, a polêmica em torno do quesito idade. ACM tem idade, sem qualquer exagero, para ser avô de Adriana. Pouco
se fala da diferença da idade nas reportagens, o crime mesmo é o grampo. Por muito menos, a prefeita Marta Suplicy, que se separou do marido para assumir publicamente ( note-se, publicamente) apanhou muito mais.

Retirado do blog da Sueli.

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