Epílogo para FH
No Brasil raramente acontece uma transição de presidente de forma democrática e entre concorrentes direto. Juscelino para Jânio foi um deles, outro será agora com FH.
Tentarão, como já fazem alguns jornalistas, de garantir o status de FH como grande estadista social-democrático do Cone Sul. Aquele que depois de tempos obscuros em todo o hemisfério, surge trazendo luz à todos. Lógico que foi mais democrático, mas democracia era o mais fácil de fazer. Havia vontade política, o muro caíra, viva a pax america.
FH quando teve que usar as armas opressoras do governo não se fez de rogado. Muito pelo contrário, se mostrou totalmente eficaz neste papel. É só lembrar da greve dos caminhoneiros, quando o conto ia sobrar para a economia, tratamento de choque, nem que seja à batalhão.
Democrático, vá lá que FH o foi, afinal dividiu com todos o poder, mas social não. O Homem, para esse governo, era um número de 1 (um) a 10 (dez). Parece uma letra de música do UB40 que fala de `One in Ten`, é só número. Não existe aquele pensar que estes números são milhares de seres plenos e capazes, de pessoas com famílias, que são protagonistas da história do mundo também.
A exclusão no mundo já se dá na História. A ética capitalista evoca a exclusão, dessa maneira cria o impulso de desejo de posse. Uns quererão para estar acima, outros para se igualar, enfim, o impulso capitalista e individualista se fixa em todos os cantos, em todos os níveis.
FH poderia ter feito algo no campo da segunda letra do seu partido, o S de social. Não fez. Se fosse pegar aquela mão espalmada (lembram??!) dele certamente teria dedos a menos. FH teve a chance de ser um social-democrata. Não foi. Criou a miséria S.A., anônima, fragmentada e fragmentadora, que acabará por nos consumir.
Espero que os tempos mudem, mas me considero um cético. Não creio num apoio do FH para o Lula em detrimento do Ciro, o PT pode ser tornar uma pedra no caminho de FH para uma sonhada liderança mundial.
Se trabalharmos as crianças de agora, e digo crianças dos 02 aos 10, colheremos um resultado uns 10 (dez) a 15 (quinze) anos depois. Ao ritmo do mundo é um piscar de olhos. Portanto, sinto que é mais um momento de possibilidades de mudanças, que num piscar de olhos o Brasil pode começar a caminhar por uma trilha correta.
No zen-budismo acredita-se que há um caminho puro entre dois rios. Um deles, o rio de fogo, é a inveja; o outro, o rio da água, é a ambição. Se um homem puder resistir à atração de ambos e penetrar na estreita trilha entre eles, poderá avançar com determinação até as fronteiras de Jodo, a terra pura ou Paraíso para outros.
FH chega ao fim deste governo, tendo naufragado nos dois rios. No do fogo por desejar que o próximo presidente se dê pior que ele por pura questão de ego, na da água por sua composição de governo, queria a maioria de qualquer jeito.
FH sabe que se o PT levar, um importante passo será dado no mundo, que uma nova liderança estará chegando e que ele não comporá o primeiro time, apesar de papel importante. Mas, diferente de Romário na copa de 2002, não terá o respaldo poplular.
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