12 de dez. de 2003
Zé Colméia fisioterapeuta
Romário sente a panturrilha, consulta o seu fisioterapeuta, Zé Colméia que recomenda parar o treino. Peraí! Quem é Zé Colméia? Que astuto ser é este que pode decidir os desígnios da presença ou não de Romário em mais um espetáculo do futebol.
Zé Colméia ser fisioterapeuta é uma incógnita. Agora, o médico Michel Simoni, do Fluminense, engolir a prescrição fisioterapeutica do Zé Colméia é dignde um representante da Côrte Portuguesa do século XVII.
Para quem não se lembra, Zé Colméia é aqule personagem que, junto com Romário, foi atrás de um torcedor que jogara galinhas no campo do Flu. Uma lástima para a Fisioterapia e seus representantes tupiniquins. Reza a lenda que em um congresso, este ilustre fisioterapeuta compareceu de bermuda de praia ao evento, ao avistar um professor declarou em alto e bom som - "meu mestre". E tascou-lhe um abraço. O professor, palestrante inclusive, ficou deveras envergonhado.
O nome do Zé Colméia é Fernando Lima.
Blog da Teresa
Caros,
Obrigada pela compreensão de todos. Não queria cansá-los, apenas justificar os sumiços eventuais. Esta semana foi outra loucura, fui a SP entregar o premio Unisys, que ganhei no ano passado, ao vencedor deste ano, tudo aquilo que já contei e mais jantares de final de ano, coisas que as pessoas deixam para fazer em dezembro, lançar livros, reunir partido etc.etc.
Bem, todos já falaram sobre o controle de natalidade, posições contra e a favor (maioria), importante é o debate, vamos continuar a fazê-lo, estou procurando algum projeto em tramitação sobre o assunto.
Gafanhotos, reformas, tudo isso continua acontecendo, você estao acompanhando. Mas o importante mesmo, agora, é acreditar que o pior passou, como diz o Governo, e que o ano que vem será melhor para todos. Vamos ver. Não acredito muito. Quando se paga 125 bilhoes de juros e investe-se apenas 7 bilhões, algo está muito errado...
abs.t.
Concordo Teresa que é estranho pagar tanto de juros. Na octatéride efeagáciana pagou-se mais de 500 bilhoes de U$, ou seja, estes 125 bi são referentes aos remédios medicados por oitos longos anos de tucanato. A um doente não se retira de forma instantânea ou rápida a ingestão de medicamentos de tarja negra (como é o apoio do FMI), muito pelo contrário, reza a bíblia médica de que se deve reduzir a dose de forma gradual. Queria te parabenizar pelo artigo, excelente por sinal, sobre o CGU e AGU. São dois instrumentos institucionais magníficos que, acho eu, pela primeira vez estão sendo conduzidos com o esmero que merecem, com pessoas corretas ou, pelo menos, menos arquivistas.
8 de dez. de 2003
Estimativas da População
No dia 8/12/2003 às 16 horas e 1 minutos
Somos agora no Brasil: 177.853.590 habs.
Somos agora no Mundo: 6.191.254.984 habs.
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3 de dez. de 2003
Assassinato na Barra
No caso do assassinato do executivo da Shell em sua casa na Barra, diferente do que as teorias da conspiração gostariam de formular, foi um crime comum, sendo tipificado como latrocínio. Ao que consta, o culpado foi o motorista, um tipo taciturno e mal-encarado e que foi visto no condomínio no sábado.
A estória do garoto dizendo que o pai recebera telefonemas ameaçadores não passa disso: estória de garoto.
Enquanto ao fato de tratar que nada foi roubado, como realmente saber? O moço poderia receber em doláres e guardar em casa. A verdade é que, muito prematuramente, tratou-se de dizer que não houvera latrocínio. Foi um erro.
De repente, a polícia soltou pistas falsas para pegar, desprevenidamente, o assassino. Veremos a seguir.
Gaspari e a Maioridade
Certamente o Gaspari não leu a coluna de ontem do Luiz Garcia, velho e astuto jornalista, em que atentava ao erro dos midiáticos sobre o uso da palavra 'reduzir' para o tratamento da questão 'maioridade penal', hoje em voga. Gaspari repetiu o erro de outros jornalistas, a maioridade não tem que ser reduzida e SIM AUMENTADA, para dar abrangência aos indivíduos de 16 anos, hoje protegidos pelo o ECA.
Eu, particularmente, sou contra aumentar a maioridade penal. Acho que há casos extremos, como o desse adolescente louco paulista, mas não creio que seja necessário mudar a Constituição por isso. Isto já aconteceu outras vezes nessas regiões longíquas dos poderes públicos. Lembro-me bem dos meninos necrófilos de Teresópolis - ou seria Petrópolis? Quando o crime ocorre no seio da classe média, parece o estopim para uma Bastilha Constitucional, sempre há a necessidade de acalentar este estrato social que se julga o Atlas da sociedade brasileira.
Acho engraçado a tentativa do Gaspari em prol de um plebiscito para tratar do assunto da 'maioridade penal', lembra a oposição venezuelana...O pior é que na octatéride efeagaciana, sempre se calou sobre plebiscitos propostos pela oposição. Qual será a conveniência agora? Ô Gaspari, se lembre de escrever "AUMENTO" da maioridade e não redução. Se não, vai tomar um pito do Luiz, hein.
Parafraseando o final da coluna do amigo do general que foi sobre a infeliz frase de outro general: 'Jornalista de merda, que não sabe escrever'.
1 de dez. de 2003
Aidéticos Sexagenários
Saiu no Jornal Hoje relatório que mostrava o aumento da AIDS entre os indivíduos de terceira idade. Na reportagem mostrou uma entrevista com uma senhora que dizia ir aos bailes e que não imaginava que, depois de velha, poderia ser uma possível vítima desta doença. Depois mostrou um doutor com dados que denunciava que os remédios para a impotência (mostraram um viagra) e a melhora nas condições de vida dos idosos fossem os responsáveis pela doença nessa parcela da sociedade.
O fato que a reportagem NÃO MOSTROU, e que é essencial para a compreensão deste fenômeno, é se o aumento na terceira idade se deu entre ambos os sexos ou se teve uma parcela maior de indivíduos do mesmo sexo. Porque, eu bem acredito que este aumento deve ter sido dado entre os homens, que com o tratamento impotência, devem ter contraído de mulheres de programas. Sendo assim, as mulheres vão, de novo, serem infectadas por seus companheiros. A mentalidade masculina volta à tona, mais uma vez.
26 de nov. de 2003
Guerra no Iraque
O site The Onion relatou a declaração de uma testemunha ocular dos disparos de mísseis contra dois hotéis há poucos dias atrás na capital iraquiana. Os insurgentes camuflaram os mísseis e lançadores em carroças puxadas por burros. Os animais , já capturados, foram levados para interrogatório e não estão disponíveis para a imprensa. Já um morador jovem de Bagdá declarou ter visto um pequeno burrito de color marron que muito se assemelhava ao Catatau (foto), também conhecido pela alcunha de Babalu, companheiro de Pepe Legal.
25 de nov. de 2003
Bairrismo no jornalismo esportivo
É no jornalismo esportivo que mais facilmente é identificado este fenômeno denominado bairrismo onde se julga uma região melhor que outra. Impressionante como as pessoas se levam tão facilmente a regionalidades futebolísticas. Cria um universo pequeno diante dos fatos. Fato: Botafogo regressa à elite do futebol brasileiro. Louvável o ato do Botafogo de conseguir esta classificação. Louvável pelo fato de ser carioca e que o futebol do Rio, hoje, se encontra num estado caótico. Louvável por ter feito uma administração séria, com responsabilidade social. Louvável por ter conseguido o ingresso à Série A com lisura.
Qual foi o erro no parágrafo acima? Não ter citado o Palmeiras, mas, ao que parece, nem todos enxergam esse fato. Como fez o site da UOL, paulista, que só mencionou a vitória e a conquista do campeonato pelo Palmeiras. Notícias sobre o Botafogo? Só correndo na página. Triste, né?!
Censura em Bagdá
A administração americana no Iraque aprovou uma lei que proíbe a mídia de incitar o ódio. Em base dessa lei, o Conselho Governante puniu uma emissora pela simples exibição de um suposto vídeo de Saddam. Esse fato me lembra o artigo do Código Penal Brasileiro que trata do desacato à autoridade, muitas vezes o simples ato de responder a indagações policiais é tratado como desacato à autoridade. O triste é que é uma coação visando uma extorsão futura. A mesma coisa é no Iraque, pela truculência o EUA procurarão se impor àquele povo. Os 10 anos de embargo já estagnaram o país, achataram o progresso do país, saibam que lá no Iraque possuía a melhor rede de universidades de todo o mundo árabe, sendo seus currículos aceitos em boa parte do mundo ocidental. A privação à informação é só mais uma forma para atingir o objetivo da dominação total.
19 de nov. de 2003
O prefeito da minha cidade
O prefeito de Londres, Ken Livingstone (foto), também chamado de Red Ken disse aos jornalistas:
"I don’t formally recognize George Bush because he was not officially elected. So we are organizing an alternative reception for everybody who is not George Bush."
E não é de agora esse discurso ácido contra Bush e seus falcões, no começo do ano, em uma visita à Califórnia, ele declarou: "the most corrupt and racist American administration in over 80 years." O mais interessante é que ele é 'radical' do Labour Party (Partido de Esquerda) e nessas últimas eleições à Prefeitura de Londres, ele concorreu sem o apoio de seu partido, já que ele não pertence ao grupo de Blair. Pois bem, ele venceu as eleições com folga e, desde então, vêm sendo um cravo no pé do Blair que não pode culpar sua administração que vem tendo uma boa avaliação.
17 de nov. de 2003
O príncipe Charles deve bater de longe todas as besteiras já cometidas pela família real inglesa. Lembro que há um livro da Oxford Books sobre as gafes reais. Mas, essa do príncipe Charles querer deixar de ser O.B. para virar supositório, vai entrar para os anais da real história inglesa.
Outra sobre Charles: quando a Rainha Elisabeth morrer o príncipe Charles será o quê? Uma Drag Queen. Obviamente que fica melhor em inglês, mas, de qualquer forma, fica o registro.
13 de nov. de 2003
No início de 2004 os EUA vão se envolver numa guerra mundial e não será contra Irã, Coréia do Norte ou Cuba, mas contra o resto do mundo e, em particular a Europa. Será uma guerra comercial total. As táticas utilizadas na guerra contra o Iraque também são utilizadas contra a decisão da OMC, ou seja, é só se preparar e esperar.
Quem diz isso é Malcolm em seu blog Lagauche is Right e quer saber? Eu concordo.
Louvar a abrangente e definitiva herança africana na formação do país
A semana da consciência negra é comemorada na data de morte de Zumbi dos Palmares, 20 de novembro, para quem o mais importante não era viver livre, mas libertar todos os negros ainda escravos do Brasil.
É errado supor que todos os negros fossem escravos, ou de que só eram livres nos quilombos. Os negros casavam, inclusive entre si e de papel passado, tinham posses e possuíam uma elite. Muitas vezes compraram a própria alforria ou a de outros escravos, como a história tanto mostra, mas que continua encoberta na historicidade oficial do Brasil.
Foram cerca de 4 milhões de africanos trazidos para o Brasil pelo tráfico de escravos, sendo 1,5 milhão na sua última fase, entre 1800 e 1850. Calcula-se que por volta de 1800 os mestiços (mulatos e caboclos) já representavam de 20% a 30% da população total. Com estes números é possível ter a dimensão do que foi a vinda do negro para a estratificação social brasileira. Em 1860, os negros eram 45% da população brasileira. Logo após a guerra do Paraguai, 15 anos depois, esse índice caiu para apenas 15%. No mesmo período, os brancos quase duplicaram sua participação na sociedade brasileira.
Desde o fim do século XIX até quase o início dos anos 30 do século passado era comum, entre intelectuais brasileiros, culpar os negros, mestiços e índios pelo atraso do País. A embranquecimento da população ocorrida no século XIX não foi à toa, muitos pensavam que só assim o Brasil seria uma nação competitiva com as demais potências da época.
Surge, então, em 1930, uma teoria que pode resolver problema tão difícil. É a democracia racial. Essa teoria terá como principal mentor Gilberto Freyre, e como principal referência bibliográfica a sua obra “Casa Grande e Senzala”.
Freyre argumenta que a colonização portuguesa, em relação a outras práticas de escravidão, foi uma colonização que, a grosso modo, não maltratou tanto o negro. E quando isso acontecia, as punições eram justas. Nasce assim, a teoria da harmonia entre negros e brancos. O que antes era o defeito do Brasil - o grande número de negros e o alto grau de miscigenação -, passou a ser qualidade. O Brasil era um país formado a partir da contribuição dos negros, dos brancos e dos índios, e essas três raças viviam de forma harmônica. Não havia discriminação no país. Do cruzamento das três raças surgia o “brasileiro”. Resultado: não fazia mais sentido discutir sobre questões raciais já que o “brasileiro” sintetizava, de forma harmoniosa, as contribuições raciais. Essa visão de “paraíso racial” parecia perfeita quando comparada a outras realidades, principalmente a norte-americana, onde as fronteiras raciais se desenhavam com mais nitidez.
Este “paraíso racial” ajudou a mascarar uma situação a que não havia sido criada uma solução: a da verdadeira inserção do negro na sociedade brasileira. Até 1988, o problema parecia que não existia, mas na nova Constituição Federal o assunto foi tratado com o zelo que se devia. Hoje existe apenas a quinta geração depois da abolição da escravatura. Os bisavós de muitos de vivenciaram a escravatura, o que significa que existe um certo costume de imaginar os negros em funções subalternas. O primeiro negro a entrar no Supremo Tribunal Federal (STF) aconteceu no novo milênio apenas. Assim como a primeira senadora negra só veio a ocorrer no final do século passado.
Recentemente, o Ministério da Justiça fez circular o mais completo documento sobre a criminalidade no Brasil, diagnosticando as suas raízes e sugerindo maneiras de combatê-la. O documento do Ministério da Justiça afirma que “o problema mais dramático é o verdadeiro genocídio a que vem sendo submetida à juventude brasileira, especialmente a juventude pobre, do sexo masculino e, em particular, os jovens negros. A magnitude do problema é tal, que suas conseqüências já são perceptíveis na estrutura demográfica. A estratificação etária da população apresenta um déficit de jovens do sexo masculino apenas comparável ao que se verifica em sociedades que se encontram em guerra. É como se o Brasil experimentasse os efeitos devastadores de uma guerra civil sem bandeira, sem propósito, sem ideologia e sem razão”.
O progresso realizado desde a promulgação da Constituição de 1988 não foi tampouco insignificante: igualdade perante a lei, sem distinção de qualquer natureza; assegurar os direitos dos remanescentes de quilombos; o desenvolvimento de políticas para promoção da igualdade racial; nomeação de ministros e secretarias. Hoje, pensar a questão negra, significa articulá-las, por exemplo, com a política, dívida externa, desemprego, sistema de habitação, saúde, educação, cultura, etc. Porque pensar a questão negra é pensar o Brasil.
A origem da herança africana no Brasil
A importância da cultura negra é de tal ordem que ela se explicita na cotidianidade dos nossos falares, gestos, movimentos e modos de ser que atuam de tal maneira que deles, muitas vezes, nem se tem consciência. E é isso que caracteriza a cultura viva de um povo.
Os primeiros grupos de negros desembarcaram na Bahia por volta de 1550. Eram de origem banto e procediam, em sua maioria, dos Reinos do Congo, Dongo e Benguela. Trouxeram um riquíssimo patrimônio civilizatório, transmitiram e expandiram tradições ancestrais que influenciaram, entre outros, a língua, os costumes, a alimentação, a medicina e a arte no Brasil. Introduziram métodos agrícolas aperfeiçoados, transplantaram vários produtos que, graças aos seus cuidados, se aclimaram perfeitamente e foram assimilados na culinária de toda a população. Com seus fortíssimos valores coletivos marcaram toda a formação social brasileira.
O negro e a ancestralidade nas artes plásticas brasileira
No campo artístico podemos destacar Antônio Francisco da Costa Lisboa, o Aleijadinho. Filho de mãe africana e pai português, Aleijadinho nasceu em 1730, em Vila Rica, atual Ouro Preto. Como entalhador decorou interiores de igrejas de várias cidades mineiras, principalmente em Vila Rica. Era também excelente escultor, deixando uma série de estátuas que compõem o conjunto do santuário de Bom Jesus, em Congonhas.
Além de Aleijadinho, vários artistas plásticos negros se destacaram através dos tempos. Podemos destacar o escultor Francisco Manoel das Chagas, o Cabra; o cenógrafo, desenhista e caricaturista Crispim do Amaral; o pintor José Teófilo de Jesus; o pintor Estevão Roberto da Silva; o taipeiro Joaquim Pinto de Oliveira Thebas; o desenhista, gravador e escultor José da Paixão; o artista plástico Gabriel Joaquim dos Santos; o entalhador Agnaldo Manoel dos Santos e o escultor Valentim da Fonseca e Silva, o Mestre Valentim, entre tantos outros.
O negro e a ancestralidade musical brasileira
O lundu é uma canção originada nas danças africanas, que tem, por isso, um caráter rítmico, cadenciado e um sentido mais sensual. Há ainda a congada, o jongo, o semba, a umbigada e etc. Todos eles considerados ancestrais da música popular brasileira, juntamente com a modinha, um ritmo europeu trazido pelos portugueses.
No começo do século XX os negros pobres – recém-libertos, moradores de cortiços no Rio de Janeiro – continuam exercitando seus batuques e rodas de capoeira. De outro, acontecem os pagodes nas célebres festas nas casas das tias baianas (a mais famosa é a Tia Ciata no Rio de Janeiro), depois dos ritos de devoção aos orixás. O Carnaval cresce em importância e incorpora os desordenados blocos dos negros, com suas batucadas, e os ranchos organizados pelos mestiços, que se agrupam em corporações profissionais nas quais se desenvolve a marcha-rancho.
Donga (Ernesto dos Santos) registra o samba carnavalesco Pelo Telefone em 1917. Apesar de estar musicalmente mais próxima de um maxixe, a composição marca, ao mesmo tempo, o começo da profissionalização na música popular e o nascimento oficial do samba. Também é de 1917 a primeira gravação de uma canção de Pixinguinha, um dos mais importantes compositores populares do país, tanto de canções como de música instrumental. Ele estabelece as bases da música popular, particularmente do choro, e dá início a uma linguagem orquestral brasileira. Outros nomes ligados à criação e ao amadurecimento do samba são Caninha (João Lins de Moraes) e João da Baiana (João Machado Guedes).
Durante a década de 20 e 30 dá-se a estruturação do samba – até então muito ligado musicalmente ao maxixe – e consolidam-se as bases para praticamente todos os outros movimentos musicais. O aparecimento e a grande expansão do rádio possibilitam o surgimento dos primeiros ídolos populares. São inúmeros os compositores e intérpretes negros que despontam nesse período. Sinhô (1888-1930), o rei do samba; Ismael Silva, que dá forma definitiva ao gênero; Lupicínio Rodrigues, o compositor das grandes dores de amor.
Heróis negros da Guerra do Paraguai
Apesar de toda discriminação, a participação do negro na Guerra do Paraguai foi tão importante para o Brasil que alguns deles chegaram até a voltar das batalhas como heróis.
Dentre os heróis negros da Guerra do Paraguai podemos destacar: Cesário Alves da Costa, que demonstrou tanta bravura na tomada do Forte Curuzu que foi promovido a sargento, fato raro no sistema escravocrata. Outro negro promovido foi Antonio Francisco de Melo, da Marinha. Melo se destacou tanto na batalha do Riachuelo, e em outras batalhas, que começou a guerra como cadete, passou a sargento e chegou a capitão. Seu batalhão era todo formado por negros. Quando chegou a capitão, foi afastado do comando das batalhas. Marcílio Dias também ficou famoso por sua bravura. Foi ferido e morto na batalha do Riachuelo. Hoje em dia virou um pelotão da marinha que é a guardiã do busto feito em sua homenagem.
Alguns casos chegaram ao terreno do lendário e mitológico. Um deles fala de um negro chamado Jesus que executou o toque de avançar com sua corneta presa apenas entre os lábios, pois estava com os braços mutilados.
Mulheres negras do Brasil Imperial
As mulheres negras tiveram papel fundamental na luta abolicionista brasileira. Nas sociedades africanas, diferente da européia de então, as mulheres eram iguais aos homens e faziam todas as tarefas que lhes cabiam: chefiando tribos e nações; participando de batalhas e de caçadas; realizando rituais. Na história do Brasil temos Chica da Silva como fomentadora de rebeliões que visavam à fuga para os quilombos.
Mulher de temperamento forte, Chica participava ativamente da vida cultural. Construiu salas de espetáculo para a apresentação de artistas conceituados da época e organizou uma escola de pintores. Ajudou na construção do Convento de Macaúbas, onde educou nove filhas. Entre os seus filhos temos um desembargador, um naturalista, um padre, uma freira. Financiou a alforria de vários escravos e investiu recursos na organização da Inconfidência Mineira. Sob a influência de Chica da Silva, João Fernandes, seu marido, libertava os escravos que encontrassem diamante com mais de 60 quilates.
Chica não foi só uma exceção. Mas é mais comum encontrar histórias como a da escrava Anastácia, mulher bonita e desejada pelos feitores, que foi de encontro ao seu destino ao recusar os convites amorosos de seus senhores, ela não acreditava que ninguém pudesse ser senhor de seu corpo, foi submetida à tortura e à imposição de uma máscara de ferro no rosto que só era retirada para a alimentação. Acabou morrendo, doente, mas virou santa para a população pobre que reconhece nela o surgimento de muitos milagres.
As mulheres cativas, apesar de estarem inseridas, como os homens, em tarefas produtivas, tinham a função de reprodutoras, o que não permitia a realização do lucro esperado. Desta forma eram freqüentemente destinadas às necessidades e solicitações da casa-grande, servindo, entre outras atribuições, como objeto sexual e ama-de-leite. Em uma sociedade patriarcal, onde o poder e a vontade dos homens era imperativo e os desejos sexuais no casamento cerceados por regras morais e valores religiosos, as escravas eram obrigadas a satisfazer a libido tanto do senhor quanto de seus filhos, sendo submetidas a todo o tipo de fantasias. As senhoras, por sua vez, sentiam os laços abençoados e sacramentados da família ameaçados por este tipo de prática, tornando-se por vezes mais cruéis do que os feitores.
O quilombo de Palmares
Já no ano de 1572, há revoltas e fugas em massa. Inspirados na resistência comandada pela Rainha Nzinga Mbandi Ngola Kiluanji do Ndongo – a Rainha Ginga, eternizada nas congadas – contra os portugueses, um grupo de negros fugitivos se juntaram ao líder Ganga Zumba e, em 1604, subiram a Serra da Barriga (AL), lançando ali as bases do primeiro estado negro livre brasileiro, o Quilombo dos Palmares, onde habitaram durante todo o século XVII. A história registrou Aqualtune como uma das grandes lideranças desta região, símbolo das centenas de mulheres negras anônimas que viveram livres nos muitos quilombos formados no interior do país.
José Felício dos Santos em seu livro ‘Ganga Zumba’ assim narra o início do quilombo dos Palmares:
“Ninguém sabe ao certo quando começou a história do rei Zumbi.
Velhos livros contam que, um dia, trinta ou quarenta escravos guinês fugidos de uma fazenda nordestina fundaram um núcleo independente em um outeiro inóspito da serra da Barriga, nas Alagoas, então Capitania de Pernambuco.
Talvez isso tivesse acontecido por volta de 1605.
Mais tarde, com o esparrame da notícia pelos ainda novos engenhos e povoados onde só o que imperava era a prepotência dos brancos, aquele núcleo dos desassombros cresceu rapidamente por via de novas levas oprimidas que principiaram a buscar refúgio naquelas ermas seguranças ... Palmares foi uma exceção magnífica, um fruto sublime da sede de libertação que, a par do banzo mortal, atacava os negros mais nobres entregues às contingências do cativeiro, apenas aportados ao Brasil, Cuba e, ocasionalmente, a outros países americanos”.
A luta pela abolição
O Brasil foi um dos últimos países das Américas (o outro era Cuba) a abolir a escravatura, que só veio em 1889, com a promulgação da Lei Áurea pela Princesa Isabel, mas este projeto só ganhou corpo devido a intensa pressão política praticada pelos abolicionistas: negros, mestiços, ex-escravos sensíveis e solidários aos escravos, intelectuais que tinham como referencial as doutrinas liberais e evolucionistas. Entre os abolicionistas negros podemos destacar: José do Patrocínio, Luís Gama, André Rebouças, Cruz e Souza.
Luiz Gama, tipógrafo, soldado, escrivão de polícia e jornalista. Filho natural de uma africana livre, da Nação Nagô, que levava o nome de Luíza Mahin, tendo sido presa várias vezes por suspeita de envolvimento em planos de insurreições de escravos e de um senhor rico e herdeiro de umas principais famílias portuguesas da Bahia que dispensou ao filho a atenção necessária. Mas, ao perder seus bens e riquezas, devido aos vícios do jogo, se viu obrigado a vender o jovem Luiz Gama, com apenas 10 anos, para ressarcir algumas velhas dívidas.
Luiz Gama foi criado por um português de nome Vieira que lhe ensinou as prendas domésticas para que se tornasse um pajem (empregado particular dos senhores), mas, sem o seu senhor saber, aprendeu a ler e escrever com a ajuda de um sobrinho de Vieira estudante de Humanidades e que passara um período de férias no Brasil. E foi a compreensão da escrita que o libertou da condição de escravo, fugindo de casa para se alistar na marinha brasileira. Foi aconselhado a dar baixa, seis anos depois, tendo chegado a cabo de esquadra graduado, por ato de insubordinação, por ter ameaçado um oficial que o teria desacatado. Assim descreveu seu biógrafo: "um homem de cor, mal egresso do cativeiro, pobre, paupérrimo, sem outras armas que não uma primorosa inteligência e uma indomável coragem moral, teve a audácia de enfrentar o opressivo regime social, vigente há milênios, sozinho, isolado, contra tudo e contra todos, numa hora em que era crime por em dúvida a legalidade da instituição. A presença de brancos e negros, pobres e ricos, moços e velhos, transformou em ato público o que deveria ter sido apenas um sepultamento. Naquele mesmo momento, Gama tornou-se símbolo do movimento abolicionista paulista e de seu radicalismo."
Um outro negro percorreu um caminho inverso ao de Gama. Era pertencente a uma pequena elite negra e mulata que existia no Brasil do século XIX e que acumulava posses, conseguia, através de apoios e amizade, ascender socialmente, adquirindo um tratamento igualitário. André Rebouças, inventor, político, pensador do abolicionismo, monarquista, engenheiro pela Escola Militar, membro da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, do clube de Engenharia e do círculo de personalidades influentes como o Visconde de Taunay, o Barão do Rio Branco e do próprio Imperador D. Pedro II, fez parte de um grupo pequeno, mas representativo, de reformadores, que apresentava avançadas propostas sobre a problemática da terra. Para o engenheiro, não era só importante a libertação dos escravos, mas o que fazer com que esse contingente de trabalhadores tivesse o que fazer com a liberdade em mãos. O problema não era só a escravidão, mas também o latifúndio e a monocultura. Rebouças afirmava que o País era tomado por um verdadeiro ‘feudalismo’. “A nossa propriedade territorial está tão concentrada, tão mal dividida, tão mal distribuída, que neste vasto Império, afora os sertões e os lugares incomunicáveis, não há terras para serem cultivadas pelos brasileiros e estrangeiros, que não têm outra esperança senão nas subdivisões tardias que a morte e as sucessões podem operar”.
José do Patrocínio, jornalista, orador, poeta e romancista, um dos fundadores da ABL e combatente tenaz do abolicionismo, ficou conhecido pelo seu grande poder de oratória. Era chamado de o “Tigre da Abolição”. Patrocínio era adepto do isabelismo, ou seja, acreditava que o fim da escravidão se deu devido a um grande ato de bondade da princesa e que a monarquia tinha que ser preservada. Em defesa da monarquia, Patrocínio vai arregimentar negros para criar a Guarda Negra. Esse batalhão tinha como objetivo impedir a propaganda republicana mesmo que fosse necessário o uso da força.
Apesar de Patrocínio ter depois aderido à República e ter proposto a criação de um partido negro no Brasil, sua imagem sempre foi ligada a sua imensa gratidão à Princesa Isabel.
Sendo um dos mais importantes poetas brasileiros, João da Cruz e Souza foi figura de destaque contra a escravidão. Filho de ex-escravos, nasceu em Santa Catarina e sofreu muito preconceito racial. Como militante abolicionista editou o jornal “O Moleque”. Os temas de suas poesias voltavam-se freqüentemente para os marginalizados e miseráveis, em particular os negros. Cruz e Souza foi apelidado de “Dante Negro” e seu trabalho é um marco na literatura brasileira.
O negro na política
No campo político os negros tiveram papel de destaque em todas as revoluções brasileiras. Na Conjuração Baiana, que propunha uma nova ordem para o Brasil em substituição à ordem vigente: República, igualdade, fraternidade, liberdade, abolição dos escravos, comércio livre entre todos os povos, um salário mais elevado para os soldados, promoção para os oficiais, colaboração entre as classes, fundação de uma igreja brasileira desligada da Cúria romana, etc. Idéias que favoreciam principalmente as classes populares, negros e escravos.
Na lista dos implicados e registrados nos Autos da Devassa da Conjuração Baiana encontra-se um número significativo de pessoas identificadas como pardos, pardos livres, pardos escravos, escravos, pardos alfaiates, pardos forros.
No período regencial a cena política continuou conturbada. Várias revoltas eclodiram pelo país. Eram províncias querendo maior autonomia, lutas para a implementação da República, insatisfação de proprietários rurais com o governo regencial, levantes populares, divergências entre portugueses e brasileiros.
Entre as revoltas da época regencial, podemos destacar a Sabinada (1834-1837 - Bahia); a Guerra dos Farrapos (1835-1845 - Sul do país); a Cabanagem (1835-1840 - Pará); e a Balaiada (1838-1841 - Maranhão).
Na Balaiada e na Cabanagem a participação de negros foi importante não só em termos numéricos como também em termos de liderança. Na Balaiada, por exemplo, dois dos seus líderes negros vão ter importância fundamental: Raimundo Gomes e Cosme Bento das Chagas.
No final do século XIX e início do XX, tivemos outros personagens negros que marcaram o pensamento brasileiro. Podemos citar: Tobias Barreto, jurista, poeta e filósofo; os filósofos Tito Lívio de Castro e Farias Brito; o romancista Teixeira e Souza; a poetisa Auta de Souza; o psiquiatra Juliano Moreira; o teólogo e poeta Dom Silvério Gomes Pimenta, a romancista Maria Firma dos Reis e Machado de Assis, entre outros.
Na República Velha e na Nova, o negro continuou sem o acesso pleno à cidadania e sem poder político. Eram discriminados no trabalho, não controlavam as instituições. Em 1919 houve uma greve geral na Cervejaria Brahma feita pelos condutores, todos os portugueses que lá trabalhavam ou os brancos de pele foram readmitidos quando finda a reivindicação pelos funcionários. Aos negros, bem, muitos foram demitidos e outros tantos continuaram a receber salário inferior aos outros.
A primeira deputada negra a ser eleita ocorreu em Santa Catarina (SC) no ano de 1934 quando houveram as primeiras eleições em que as mulheres brasileiras puderam votar e serem votadas. Foi a primeira onda do feminismo brasileiro. Antonieta de barros foi eleita pelo Partido Liberal Catarinense, era além de política, também jornalista, escritora e educadora.
Em 1975 há uma segunda onda feminista no Brasil que impulsiona várias candidaturas de negros, porém uma que se deve ressaltar o nome de Benedita da Silva, a primeira negra a atingir os mais altos cargos da história do Brasil: vereadora, deputada federal constituinte, reeleita para um segundo mandato em 1990, senadora, em 1994, com mais de 2 milhões e 400 mil votos, e vice-governadora no pleito de 1998 e autora do projeto que inscreveu Zumbi dos Palmares no panteão dos heróis nacionais.
O negro nos esportes
O esporte, segundo cientistas sociais, permitiu que os negros se destacassem. ''É um espaço democrático ao contrário de outros setores da sociedade'', enfatiza o antropólogo César Gordon, integrante do grupo de pesquisa Esporte e Cultura. ''A visão preconceituosa que se tinha do negro vai se invertendo com as conquistas dos atletas negros. Há uma revalorização da população negra, que, no entanto, ainda guarda elementos da teoria racial. Tem-se a idéia de que o negro tem espaço na dança, na música, naquilo que mexe com o corpo, com a ginga. Com o intelecto, não'', completa César. O depoimento do jogador Róbson, que jogou no Fluminense na década de 50, no livro de Mário Filho, dá bem a noção do que é isso: ''Já fui negro e sei o que é isso''. Ele se referia ao preconceito de antes do sucesso, quando ainda ''era negro''; depois de receber aplausos das multidões, por seu talento, passou a sentir-se ''branco''.
Ídolo de um esporte que une, no Brasil, sob a mesma paixão, 30 milhões de praticantes de todas as raças, credos, pensamentos, idéias, Pelé retrata o exemplo de negro bem-sucedido que venceu na vida graças ao talento. Num dos mais democráticos ambientes da sociedade (o futebol), o Rei conquistou seu espaço, quaisquer fossem sua raça, credo, pensamento, idéia. Escreveu Mário Filho no seu livro ‘O negro no futebol brasileiro’, de 1947: ''Dondinho era preto, preta era dona Celeste, preta vovó Ambrosina, preto o tio Jorge, pretos Zoca e Maria Lúcia. Como se envergonhar da cor dos pais, da avó que lhe ensinara a rezar, do bom tio Jorge, que pegava o ordenado e entregava-o à irmã para inteirar as despesas da casa, dos irmãos que tinha de proteger? A cor dele era igual. Tinha de ser preto. Se não fosse preto não seria Pelé.''
A posição do negro no esporte teve dois aspectos: no primeiro, não tinha vez; depois, ganhou projeção de acordo com sua excelência. Mesmo hoje, a tese de que os campos são igualitários encontra críticos. ''A visibilidade que os atletas negros têm em determinados esportes é fruto não de oportunidades democráticas e, sim, de habilidades aliadas a fatores econômicos'', acredita o compositor e escritor Nei Lopes. ''Esportes como futebol, corridas, basquete não exigem grandes investimentos em cursos, equipamentos, materiais. E aí fica mais fácil para os mais pobres, como a maioria dos negros.''
O negro nas ciências
Um dos homens mais importantes pensadores do Brasil, o Professor Milton Santos, dizia: “O modelo cívico brasileiro é herdado da escravidão, tanto o modelo cívico cultural como o modelo cívico político. A escravidão marcou o território, marcou os espíritos e marca ainda hoje as relações sociais deste país.”
Mas, sem sombra de dúvida, André Rebouças, inventor, político, pensador do abolicionismo, monarquista, engenheiro pela Escola Militar, membro da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, do clube de Engenharia e do círculo de personalidades influentes como o Visconde de Taunay, o Barão do Rio Branco e do próprio Imperador D. Pedro II foi um dos mais fantásticos personagem da história brasileira.
Um dos artefatos militares mais utilizados nos últimos dois séculos foi sua criação: o torpedo. Esta peça da artilharia naval foi usada e com sucesso na Guerra do Paraguai, aumentando significantemente as perdas paraguaias.
10 de nov. de 2003
Recentemente houve um ataque à um comboio na Faixa de Gaza, que resultou na morte de três cidadãos norte-americanos. Enquanto Israel afirma que se deve esmagar os palestinos, pois são todos terroristas, a Autoridade Palestina e todos os grupos de luta armada e de apoio político afirmaram, não em conjunto, que o alvo deles são os israelenses, que não fizeram este ataque, que a estrada por onde andavam é totlamente vigiada pelas forças israelenses e que o mais provável é que tenha sido atacado por Israel.
Mais sobre a notícia
6 de nov. de 2003
Desde o começo da Intifada, em 2000, que o desemprego de palestinos nos territórios ocupados subiu de 170.000 para 336.000 no primeiro trimestre do ano de 2003. Depois da guerra no Iraque a situação tendeu a baixar um pouco, chegando agora no patamar de 271.000 de desmpregados.
A matéria saiu no Jerusalem Times, um jornal independente, e o título era 'Palestinian Unemployment continues to drop'.
Um dos sites da Al'quaida avisa a todos os muçulmanos residentes em Washington D.C., Nova York e Los Angeles para deixar estes lugares, pois ataques ocorrerão nestes lugares (http://groups.yahoo.com/group/globalislamicmedia/message/173 ateção, está em árabe)
A logo do grupo é esta abaixo:
Eliakim Araújo (*)
Fonte: Direto da Redação
A TV Globo e Fausto Silva, o Faustão, acabam de ser condenados em ação de indenização movida por Ivalino Raymundo da Silva, um operador de câmera que durante alguns anos trabalhou no Domingão do Faustão. A notícia está no excelente portal Espaço Vital, destinado ao mundo jurídico.
Ivalino, apelidado Gaúcho, ficou famoso nacionalmente ao aparecer todos os domingos na tela da Globo. Durante muitos anos, enquanto Faustão gozava o funcionário, outras câmeras focalizavam Gaucho em sua posição de trabalho, obrigado a engolir as brincadeiras e chacotas do apresentador. Sentindo-se ofendido, Gaucho entrou na Justiça cobrando indenização por danos morais e materiais.
Depois de perder nas instâncias estaduais do Rio de Janeiro, a Globo recorreu ao Supremo Tribunal que decidiu em favor de Gaúcho, condenando a emissora e o apresentador a indenizarem o funcionário em quantia equivalente a 150 salários mínimos. Um valor relativamente pequeno, mas que levou a Globo a brigar até o fim para evitar o precedente que pode trazer em seu rastro um punhado de outras reclamações.
Corretíssima, a meu ver, a decisão da Justiça. O Gaúcho, funcionário humilde de um programa de luxo que deve render alguns milhões de reais à emissora, acumulou durante muito tempo as funções de câmera e de atração do programa. Como câmera, recebeu mensalmente o salário que lhe era devido. Entretanto, como atração dominical do Domingão do Faustão não recebia nenhum centavo. Além de ficar exposto a brincadeiras do apresentador, incluídas aí algumas inocentes e outras de mau gosto. Nunca lhe foi perguntado se aceitava participar naquela situação. A inciativa partiu do apresentador e da produção do programa.
É claro que, num programa ao vivo, uma ou outra referência a funcionário que atua atrás das câmeras, não daria ensejo à cobrança indenizatória. É até simpático que a TV mostre vez por outra aquelas pessoas mais humildes, os técnicos, que ganham pequenos salários e prestam um grande serviço. Sem eles, muitos “gênios” da TV não teriam sucesso.
Mas, no caso do Gaúcho, a referência virou um hábito e transformou-se em atração do programa. Com isso, ele passou a ter direito a uma indenização material, pelo serviço prestado. E as gozações que passaram do limite, transformaram-no em vítima, deixando-o numa posição vexatória diante dos telespectadores. Nesse caso, é justa a indenização moral.
Depois do que aconteceu recentemente no programa do Gugu, quando a ética foi mandada pro espaço e o telespectador desrespeitado em seu direito à informação verdadeira, é bom que as pessoas que se sintam ofendidas recorram à Justiça na busca de seus direitos.
Antes que os patrulheiros de plantão venham a se manifestar, quero deixar claro que não estou aqui defendendo nenhum tipo de censura aos veículos de comunicação. Meu protesto é contra a desigualdade de forças. De um lado, jornalistas, colunistas e apresentadores, despreparados alguns, debochados outros, que se prevalecem da força do veículo que têm nas mãos para inventar, achincalhar e humilhar seres humanos, muitas vezes destruindo-lhes a honra (vide o célebre caso da Escola Base). De outro, a vítima, que não dispõe do mesmo espaço na mídia para se defender.
Nesses casos, Justiça neles.
(*) Foi noticiarista da Radio Jornal do Brasil, Âncora dos Jornais da Globo, da Manchete e do SBT. Ancorou o primeiro canal internacional de notícias em língua portuguesa. Vive em Miami, onde tem uma produtora de jornalismo e publicidade. É diretor de redação do site Direto da Redação.
Quilombo Etípiope Ocidental, gravura de 1732
Antigamente, os negros fugidos do cativeiro eram chamados de quilombolas e o conglomerado de suas taperas escondidas na mata – o quilombo.
No Brasil daqueles tempos, mesmo na Bahia e em Minas Gerais, havia muitos quilombos, mas o quilombo dos Palmares (o núcleo fundado pelos guinés e transformado, depois, em grande nação governada pela vontade suprema de um Rei negro) foi o mais importante de todos.
Composto de uma s´perie de aldeias localizadas com estratégias e ligadas entre si por uma rede de caminhos ocultos na floresta, Palmares atravessou todo o século XVII e chegou a abrigar, de uma só vez, alguns milhares de negros encandeados pelos ásperos rumos de Liberdade.
Em 1630, a contar da trágica madrugada que foi a de sexta-feira, do dia 15 de fevereiro, quando os holandeses começaram a invadir Pernambuco, monopolizando os cuidados do Governo Colonial, Palmares partiu para seu auge de expansão e progresso. Então, alastrou-se em outras aldeias cada vez mais distantes (Andalaquituxe, - a capital – Arotirene, Dambrabanga, Subupira, aldeia militar, Osenga, Macacos...) e derramou seus domínios pela vertente oeste da serra sagrada, em direção às margens do rio São Francisco, boas de peixe, boas de encostas para o inhame, para a mandioca.
As aldeias formadas por tugúrios sumários de palha-catolé, sem rótulas ou janelas, mas sempre voltados para o nascente, eram fortificadas com altas cercas de pau-a-pique e, via de regra, circundadas por toda sorte de armadilhas defensivas, inclusive estrepes.
Até 1632 ou 1635, os guinés, inteligentes e anárquicos, não permitiram que o destino do quilombo estivesse entregue a um governo constituído: aquele mundo de léguas de agreste, sertão e matas era igualmente possessão de quem e de quantos necessitassem ocultar o escravizado corpo a algum senhor perverso como eram os senhores numa época em que negro representava apenas peça comprada, sem qualquer outro sentido além do material.
Fio então que, no outeiro sagrado da Liberdade, apareceu, como simples quilombola, um Rei banto.
O Rei trazia o nome africano de Zambi e principiou por usurpar o poder dentro da mais crua violência. Logo, mandou sacrificar os despreocupados guinés e fundou sua dinastia divinizada no sangue e na luta, só extinta no dia 7 de fevereiro de 1694, um domingo, com a morte um tanto lendária de seu sucessor, o fabuloso Zumbi.
Zambi é o nome próprio usado pela nobreza das nações iorubas, mas Zumbi, escrito com U, foi o atributo dado pelo povo palmarino a seu último e destemidíssimo régulo.
Zumbi significa, em quimbundo, o mais poderoso dos gênios do mal, uma espécie de diabo roxo, irmão e dono de Calunga (o Mar).
Esse cativeiro fraterno era a presença da escravidão como triste constante na vida dos negros vendidos, ainda em suas terras, por sobas, pretos também.
Palmares foi uma exceção magnífica, um fruto sublime da sede de libertação que, a par do banzo mortal, atacava os negros mais nobres entregues às contingências do cativeiro, apenas aportados ao Brasil, Cuba e, ocasionalmente, a outros países americanos.
Fonte: Ganga-Zumba, de João felício dos Santos - Ed Ediouro
29 de out. de 2003
Há anos que a história se repete naquele pequeno pedaço de terra banhado pelo Mediterrâneo. Este pôster deve ter pelo menos uns 20 anos e vemos que nada mudou.
Se quiser, clique neste link para ver outros desenhos sobre a libertação da Palestina. Mais posters revolucionários sobre outros eventos, clique aqui.
28 de out. de 2003
27 de out. de 2003
Para relaxar, vou narrar a coluna de hoje do Renato Prado, que está muito engraçada. Ele cita um encontro ocorrido entre os ex-atacantes, hoje comentaristas, Casagrande e Careca, num restaurante em SP.
Estava o assunto a girar sobre a possibilidade dos exames realizados em Don Dieguito Maradona terem sido sempre adulterados na Itália quando jogava pelo Nápoles. Ambos concordaram ser bobagem, mas Careca (padrinho de uma das filhas do craque argentino) resolveu entrar de sola no assunto e emendou:
"O sangue dele é argentino, mas o coração é brasileiro"
Nisso Casão, mal deixando a bola tocar no chão, desferiu o torpedo:
"Sangue argentino, coração brasileiro...e nariz boliviano. Maradona é o verdadeiro craque pan-americano."
21 de out. de 2003
Ao atacar o Iraque sem o aval da ONU e sem o acordo da maioria dos países árabes da região, os EUA colocaram os últimos diante de uma situação de fato. Agora, irão encontrar obstáculos muito grandes e nem se pode excluir a hipótese de um desastre.
Um texto de Hicham Ben Abdallah El Alaoui, fundador do Instituto Transregional da Universidade de Princeton, Estados Unidos. Participou de várias missões internacionais de paz, principalmente no Kosovo, com a ONU. Por outro lado, o autor é primo-irmão do rei Mohammed VI do Marrocos e, há dois anos, mora nos Estados Unidos. Este artigo inspirou-se em conferência realizada no dia 29 de setembro de 2003, na Business School (Faculdade de Administração) da Universidade de Harvard (Estados Unidos).
Link do artigo
Menos de dois anos após a promulgação da Lei das Terras, o governo distribuiu mais de um milhão de hectares de terras improdutivas entre camponeses pobres. Mas os latifundiários reagem: grupos de jagunços, armados, aterrorizam a população.
Você acha que o texto acima pertence ao Brasil? Se penso que sim, saiba que estás enganado. A bem da verdade que poderia se referir a qualquer país terceiro mundista (ou quarto, como preferem outros).
Se dizem que a colonização não teve nada a ver com tudo isto, retruco. Bobagem não crer na História como roteirista da Humanidade. Ainda hoje, na Venezuela coroa britânica é proprietária de latifúndios! “O governo exigiu que apresentassem seus títulos de propriedade. Nunca o fizeram. Na verdade, são terras do Estado”.
Hugo Chávez - oh! O maluco de quepe vermelho - pratica uma verdadeira revolução agrária bolivariana. E muito poderíamos perceber o quê falta à nós. A corrupção que existe em nosso campo percorre todo o tecido de ação, se comporta como um parasita. Atua em todos os poderes, quatro ao todo, se bem que o diretor do LMD julga serem cinco agora.
Me lembro da década de 80, eu era moleque, tinha um poster da reforma agrária pendurado na minha parte do quarto, éramos três irmãos. Foto de família camponesa brasileira subindo um roçado, em plano aberto e PB. Creio que achei nas coisas dos velhos. Não tenho certeza.
Tem um ditado - Se o seu cavalo morre, você não vai descer e empurrá-lo. Você arruma outro. - que poderia ser usado no caso da reforma agrária brasileira. Refaz a estrutura do zero. Tem certas horas em que o radicalismo é necessário. O que sei é que só uma vez houve ruptura na elite brasileira e se faz agora com a inclusão do PT à presidência da República Brasileira e não será dado chance ao erro.
Mas o grande lance foi que Lula elevou a auto estima de todos os povos latino-americanos, promoveu a queda do Consenso de Washington com a realização do Consenso de Buenos Aires. Os índios bolivianos viviam sob um apartheid que tinha a benção norte-americana. Até os argentinos se quedaran para a esquerda, inclusive com um discurso mais radical.
Links Relacionados
Revolução agrária bolivariana, de Maurice Lemoine
o quinto poder, de Ignacio Ramonet
Le Monde Diplomatique - Brasil
19 de out. de 2003
Surgiu na Arábia Saudita mais um veículo de apoio à Al-quaida intitulado 'A voz da Jihad' onde proclama todos os muçulmanos a derramarem o sangue dos infiéis. Curiosamente eles chamam o sangue norte-americano de sangue de cachorro, porque será?! E já tem até um website.
Diferentemente das tradicionais revistas onlines que conhecemos, nesta dão opção de fazer o download em .DOC ou .PDF da revista. O único porém é que vem escrita em árabe. Mas, mesmo não sabendo ler nessa língua, creio que dá para notar sobre o que eles falam. O interessante é perceber a forma como eles datam (ano/mes/dia) e da barra de rolagem ser à esquerda.
Somos tão babacas (ocidentais) que esquecemos que existe toda uma outra gama de civilizações tão ou mais importantes do que a nossa. Mas ficamos confinados à história que nos é contada e ensinada, uma história de um único deus, um único vencedor e um único caminho a ser seguido.
link para a revista 'A voz da Jihad'
link para uma tradução desta revista
15 de out. de 2003
Eu sei que o momento é difícil, as contas estão apertadas e tudo mais. Mas, se o ex-diretor do Banco Mundial fala para endurecer com o FMI, então tá.
Algumas pérolas:
"Nós aprendemos a lição errada: de que todas as regulamentações eram más – e que por isso todas elas deveriam ir para o lixo."
"Mas se o FMI insistir em metas fiscais e superávits primários excessivamente altos, que inviabilizem a recuperação econômica brasileira, acho que o Brasil não deve assinar."
mais entrevista aqui
13 de out. de 2003
Creio ter sido ontem que foi publicada a foto do palestino enfrentando um tanque israelense com pedras. O difícil é tentar compreender o porquê da reação ser diferente quando se trata de países, digamos, pouco alinhados à pax americana. Todos lembram do chinês a enfrentar a fila de tanques na Praça Celestial em Pequim. Aquilo foi fotografado, filmado e veiculado à todo o mundo. Agora, um palestino tentar impedir um tanque israelense de andar, como fez o chinês, seria aniquilado, como muitos já foram, na mesma hora.
Mas, isso ninguém gosta nem de comparar...nem de falar.
Quem me conhece bem sabe que sou tricolor à la Nélson Rodrigues, capaz de sair no almoço dos dias dos pais para assistir à um clássico no Maraca.
Mas o que me traz aqui para falar sobre futebol é me recordar a última vez em que levei o meu filho para o 'maior do mundo'. Havia ponderado sobre a realidade tricolor e chegado a conclusão de que aquela era a hora propícia, enfrentando um time que freqüentava as últimas colocações não teria como sair do estádio sem uma vitória.
O jogo em questão? Fluminense X Goiás.
O resultado? 4 a 2 para o time visitante.
Dimba saiu desse jogo com três gols anotados e despontando como artilheiro. O goiás iniciou uma escalada rumo à colocações mais prazerosas na tabela de classificação. E o Fluminense? Bem, este continuou suas peripécias, parecendo seduzido a encontrar o 'segredo do abismo'.
Ontem não podia ser pior. Tomou um chocolate com pimenta, indigesto, que desceu queimando a goela tricolor e suas consequências ainda não foram totalmente assimiladas. Mas o meu filho continua tricolor. Teve um fato inusitado no jogo do Maracanã em que levei o guri, ele saiu comemorando os tantos gols que viu, afinal a camisa do Goiás era verde, uma das cores do time do seu coração.
Eu nada falei.
Flavio Hemold Macieira
Por sua personalidade e trajetória de funcionário internacional corajoso, carismático e realizador, Sérgio Vieira de Mello tinha assumido perante a sociedade brasileira, após seu trágico desaparecimento, a dimensão de figura histórica e modelo de conduta ética. A grandeza do personagem, entretanto, e o luto cumprido por seu desaparecimento não devem inibir a análise do quadro de circunstâncias que o levou ao Iraque. Neste momento, um dilema conceitual desafia a ONU: como preservar sua base de legitimação democrática e, por outro lado, alcançar uma nova capacidade operacional?
Conhecemos todos as imperfeições da ONU, que está longe de funcionar como verdadeira democracia mundial. Na prática, nem é democrática, já que privilegia um organismo de poder baseado em situações de fato (o Conselho de Segurança) sobre o organismo de representação universal (a Assembléia Geral), nem exerce de fato o poder supremo mundial, já que nunca esteve em condições de disciplinar a atuação das grandes potências. Mesmo sua capacidade de intervenção em crises de alcance regional apresenta limitações dramáticas, como o demonstraram os massacres de Ruanda ou de Srebrenica. Esses fatores têm dificultado historicamente o cumprimento de seus objetivos básicos. Não impedem, contudo, que continue a ser a expressão máxima do contrato ou “seguro coletivo” da comunidade internacional contra a barbárie.
Encontra-se a ONU numa encruzilhada. Atropelada pelo unilateralismo e reduzida, nos últimos tempos, a um papel legitimador de intervenções iniciadas e conduzidas por seus membros mais poderosos, corre o risco de seguir o destino da Liga das Nações e caducar. O fato de estar sendo chamada, no Iraque, uma vez mais, a dar seguimento a uma ação unilateralmente iniciada renova-lhe, no plano jurídico-conceitual, o dilema de legitimidade. No cenário de ação, identificada com os ocupantes, a organização passa a atrair o ódio dos grupos afastados do poder, e das demais facções nacionalistas. Essa é a engrenagem trágica que vitimou Sérgio Vieira de Mello.
A tragédia é rica em lições. A luta contra o terrorismo não é tarefa a ser conduzida isoladamente. Assim o comprova a intervenção no Iraque: decidida e iniciada por um ator poderoso e seus aliados imediatos, conduziu rapidamente a um cenário de impasse e violência crônica.
A decisão americana de solicitar às Nações Unidas que assumam papel de destaque na reconstrução iraquiana abre chance de correção de erros e desvios da intervenção. Contudo, a presença da ONU no contexto somente poderá ser considerada legítima se atender a certos requisitos essenciais: deve ser abonada por decisão internacional; deve prever a garantia de que a Organização não será descartada do comando dos esforços de paz após obter sucesso na estabilização do país; deve implicar o pressuposto de que assumirá a liderança e o planejamento do processo pacificador. E, ainda que essas condições sejam bem atendidas, o risco da missão não decresce.
A presença da ONU sucede a uma ação intrusiva unilateral conduzida sem economia de violência e desenvolve-se sobre campos de batalha ainda fumegantes e ensangüentados. Os cenários naturais em que ocorre apresentam características extremas (altas temperaturas, desertos, tempestades de areia), o que agrava a ausência de serviços públicos vitais. No plano político, as condicionantes não são mais favoráveis: a intervenção é realizada em país de longa tradição de violência, desperta sérias desconfianças regionais, e desenrola-se em ambiente de crescente tensão entre grupos étnicos e religiosos.
A quebra do impasse político requer a exploração, sem preconceito, de hipóteses de manobra e negociação não contempladas, até aqui, pelos planejadores. Pareceria recomendável, em primeiro lugar, abrir diálogo com as correntes moderadas do baathismo, e até com personalidades do antigo regime (várias delas sob custódia americana), para negociar um entendimento geral com o ex-partido único envolvendo deposição de armas e integração ao jogo democrático.
Em segundo lugar, pareceria urgente buscar-se o envolvimento da Liga Árabe nos esforços de pacificação. Recorde-se que, em processos de paz conduzidos pela ONU, atores com algum tipo de afinidade — histórica, étnica ou cultural — com o cenário a ser pacificado são, com freqüência, convocados a participar das negociações e execução da ação pacificadora. Um bom exemplo foi a atuação competente e valorosa de contingentes brasileiros na pacificação de Angola e Moçambique.
Manter os países árabes afastados das manobras que visam a redesenhar politicamente uma área central do mundo árabe implica impor-lhes humilhação grave e alimentar-lhes a desconfiança em relação a todo o processo de intervenção e seus condutores. Países como Egito, Síria ou Jordânia poderiam exibir, como credencial de atuação, um passado de afinidade fraternal com o Iraque (ainda que pontilhado, freqüentemente, de divergências com o regime baathista). Trariam, ao processo de paz, precioso aporte operacional, tanto pela facilidade de comunicação em língua árabe, como pelo conhecimento e compreensão dos costumes da sociedade iraquiana.
Em terceiro lugar, é preciso garantir, sob pena de comprometimento definitivo da moralidade da intervenção, que o controle do petróleo iraquiano seja mantido em mãos iraquianas — evitando-se a regressão a situações de uma era colonial que se julgava definitivamente encerrada.
Os próprios Estados Unidos parecem, a esta altura, convencidos de que a tentativa de substituírem-se às Nações Unidas, como juízes e administradores das crises internacionais, tende a gerar resultados incertos e incompletos, enormes cargas humanas e orçamentárias, e tremendo desgaste de imagem. Os percalços da ocupação, os sacrifícios de personalidades de valor e os episódios dramáticos que diariamente enlutam a população local e a coalizão ocupante devem servir de alerta e desencadear uma reflexão sobre a forma de prevenir futuros desastres, aumentar a eficiência da ONU como instituição e estrutura administrativa e aperfeiçoar os mecanismos onusianos de representação democrática.
Como bem o compreendia Sérgio Vieira de Mello, a atuação da ONU no quadro caótico de um Iraque sob intervenção constitui teste de importância fundamental para seu futuro. Um teste que a Organização está obrigada a superar com êxito, sob pena de esvaziamento operacional, perda de sentido de universalidade e de capacitação para intervir em cenários de crise. É o patrimônio político e democrático da sociedade internacional que está em jogo, pois a alternativa à atuação da ONU é a perigosa instalação de um vazio de direito — terreno propício a que prospere o empirismo voluntarista e temerário, de resultados incertos, incapaz de garantir a paz e a estabilidade do sistema internacional.
FLAVIO HEMOLD MACIEIRA é diplomata.
7 de out. de 2003
Analisando estes últimos meses posso perceber a grande diferença do tratamento com o atual governo e seu partido com o governo passado.
Na época de FH havia aquela aura de proteção, uma blindagem muito bem arquitetada, que permitia às críticas acontecerem, mas os seus aspectos negativos (queda de popularidade) não resvalavam diretamente sobre o presidente ou sobre o PSDB. O jogo sujo era direcionado aos aliados, tendo o Toninho Malvadeza, seu filho falecido e outros pilares da direita e centro-direita tupiniquim.
Hoje a porrada é toda em cima do PT. Insistem em vender o peixe de que o PT mudou, de que agora que está no poder procura manter a política econômica do governo passado cujo combate sempre promoveu. De dizer que o governo atual pratica o fisiologismo, de que se alia com velhos inimigos. E, ao mesmo tempo, começam a pipocar notícias (Beting e Míriam Leitão, 05/10/03) de que o real foi a reengenharia necessária para o expurgo da inflação e da construção de uma sólida base para o desenvolvimento do Brasil.
É verdade que hoje, 2003, o Brasil exportou em todas áreas (primários, secundários e terciários) e em todas com louvor. Mas creditar isso à octatéride efeagaciana é ilusório e mentiroso. O ano de 2002 foi um desastre que só não foi pior porque o Lula se elegeu e 2003 deve a melhora ao novo presidente. O Plano Real conseguiu conter a inflação, mas ela havia voltado. Assim como no Plano Cruzado foi o Real, bom no início, mas devido ao propósito eleitoreiro a tendência ao fracasso viria com o tempo.
Mas as eleições municipais se avizinham e chumbo grosso va vir por aí. E como sempre a nossa mídia não ficará em cima do muro.
3 de out. de 2003
Ao que parece a justiça eleitoral brasileira poderá promover uma mudança radical de estilo ao anular a eleição distrital de nossa capital federal e cassar o Roriz. O PMDB (partido do nefando Governador) inclusive já está procurando um novo candidato para enfrentar o concorrente petista que, ao que tudo indica, será o Ministro Frito Cristovam Buarque e não mais o Magela (graças a deus).
27 de set. de 2003
Os aliados da política externa de Bush para o Oriente Médio podem ser os mandantes das recentes mortes ocorridas no Iraque do embaixador da ONU para o Iraque, Sérgio Vieira de Melo, e do membro do Conselho Iraquiano, Akila al-Hashemi e do aiatolá Hakim.
Os planos de Bush para o Iraque prevêem um controle por tempo prolongado ao que vinham pleiteando os mortos acima e que já passavam a ser ouvidos nos momentos anteriores à suas mortes. Fazia bem ao povo iraquiano a presença do Vieira de Melo, um homem que pretendia desenvolver o sistema político iraquiano rapidamente e dando direitos universais a todos os cidadãos, assim como já vinha se pronunciando a conselheira al-Hashemi, com a intenção de promover o novo governo do Iraque. Seriam duas pedras contra a necessidade de Bush naquela região.
O caso do aiatolá Hakim, pelo que a mídia árabe relata, foi promovido pelos serviços secretos israelenses que desejavam frear a unificação da nação iraquiana. Eles teriam se infiltrado pouco antes do início da guerra e estariam vinculados à milícias iraquianas sunitas, procurando instigar traições e de dificultar o diálogo entre os grupos. O aiatolá, xiita, queria unir a nação, pedia a retirada das tropas de ocupação e era de forte apelo popular. A lógica da guerra preventiva de Bush com a dos assassinatos cirúrgicos de Israel podem promover este tipo de atrocidade.
26 de set. de 2003
Este caso do Domingo (I)Legal vai causar uma jurisprudência interessante, afinal o Tribunal Regional Federal da 3ª Região puniu o programa pela fraude cometida no dia 07/09/03.
Uma das lógicas da fraude foi a utilização de um formato de pegadinha com uma linguagem jornalística. Todos esses programas que patrocinam estas pegadinhas utilizam atores convidados que se fazem passar por incautos cidadãos. De tanto fazer sucesso e ninguém reclamar deste engodo que são as pegadinhas. A pegadinha é só para o telespectador.
Sinceramente, não acredito que uma sanção de ordem capital fosse atingir com a força que era necessária à este caso. Poderiam chegar aos milhões, mas mesmo assim, mantendo o programa no ar normalmente não indicaria ao consumidor final que a sanção fora aplicada. Visto que nosso país é composto enm sua maioria por analfabetos funcionais que só adquirem informação pela TV e se notícia só viesse pelos jornais não teria a magnitude que alcançou com a proibição no domingo passado.
Os juízes já se posiiconaram sobre o assunto de censura prévia e escrevem eles:
"O Ministério Público Federal, face à propositura da Ação Civil Pública referente aos abusos praticados no Programa "Domingo Legal" da Rede de Televisão SBT, vem esclarecer o seguinte:
1. A decisão da Justiça Federal de São Paulo, confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região, não foi de censurar previamente o programa, mas suspender uma de suas edições, como punição pelo abuso cometido no dia 07/09/03.
2. A suspensão de determinado programa televisivo por violar a Constituição é uma das medidas possíveis para fazer com que a Constituição seja efetiva. É elementar no Direito brasileiro que toda e qualquer espécie de lesão à norma constitucional deve ser analisada pelo Poder Judiciário.
3. Também não há que se falar em "punição antes do exercício do direito de defesa". A nossa legislação processual admite amplamente a antecipação dos efeitos da decisão judicial, quando houver risco de dano irreparável. Consideramos que tal risco está presente pois, nesse tipo de lesão, se houver demora do Judiciário em oferecer uma resposta à população, isso pode resultar na sua irrelevância no futuro, como já aconteceu em tantos outros casos que até hoje têm seu trâmite na Justiça.
4. A Constituição brasileira impõe limites ao conteúdo de programas televisivos, não o Ministério Público e muito menos o Poder Judiciário. O artigo 221 expressamente obriga as empresas de radiodifusão de som e imagem a zelar por valores constitucionais, entre eles, a proteção da pessoa e da família. Tal norma é obrigatória e deve ser respeitada, podendo o Ministério Público cobrar, judicialmente, seu cumprimento.
5. Censura, proibida pela Constituição, nunca pode ser confundida com o crivo feito pelo Poder Judiciário, a pedido do Ministério Público e sujeito a recurso, como foi o que ocorreu no caso.
6. A própria Constituição estabelece que a radiodifusão de som e imagem é concessão pública federal. As empresas privadas são apenas concessionárias e devem cumprir a finalidade pública da concessão, evitando que a busca do lucro e da audiência ofendam os direitos fundamentais e a dignidade da pessoa humana. Para tanto, a Constituição, que é de 1988 e cujos artigos foram votados e amplamente discutidos, admite até a cassação da concessão por decisão judicial e a não-renovação da concessão.
7. O Ministério Público Federal ressalta que é absolutamente contra a censura. Confundir uma ação judicial com censura é destruir o Estado de Direito, baseado no acesso à Justiça, que vai garantir o equilíbrio entre a liberdade de expressão e o direito à cidadania e a dignidade da pessoa humana.
8. Relembra o Ministério Público trecho da "entrevista" simulada, produzida e divulgada pelo programa de televisão em questão como autêntica: "Ele tem família, tem neto, tem filho, e é o seguinte, vai ser só bala mesmo na cabeça. A gente não tá pra brincadeira não, certo? E é só isso que eu tenho pra falar." Novamente, o Ministério Público Federal não pode compactuar com tais fatos e permitir que uma concessão pública seja considerada acima da Constituição, nem que uma medida judicial, que foi sujeita a recurso perante o Tribunal Regional Federal, seja considerada censura ou exercício arbitrário dos poderes constituídos.
9. Foi a Constituição que, ao mesmo tempo em que proibiu a censura, estabeleceu valores que as redes de televisão devem obediência. Assim, buscar o respeito a tais valores por ação judicial é justamente o oposto do arbítrio, do autoritarismo. É exemplo de cidadania e respeito aos caminhos democráticos estabelecidos pelo Estado brasileiro na Constituição. "
PS: andam dizendo que tem o dedo do Boni por detrás da aplicação severa da pena, pois o Gugu seria um concorrente direto numa futura concorrência pela aquisição de um canal de televisão.
16 de set. de 2003
Aquele que sempre navegou junto aos grandes, que já foi império e entendia a necessidade de certas medidas a serem tomadas, não mais acompanha esses passeios. Daqui para a frente, pelo menos até 2006, a política externa brasileira vai ser uma ferramenta importante no equilíbrio mundial.
Afinal, ao eleger Lula, o povo brasileiro fez exatamente o contrário do que queriam os poderosos do mundo. Todo mundo sabe disso, menos a mídia brasileira e, consequentemente, os brasilieiros.
O G-21, que mais lembra nome de navio militar, reuniu um grupo forte, encabeçada com a China, Índia, África do Sul e Brasil.
and the winner is...
Ao que parece o Brasil ganhou pontos preciosos numa rodada perdida. Somos bem vistos lá fora agora, não sei porquê, mas somos. De repente, é por ter um real governo de esquerda (sim..esquerda existe ainda, clique acima ou ao lado na palavra Esquerda e leia) o quê trouxe um ar de mudança ao mundo, de boa mudança. Ou então, é porquê pela primeira vez lideramos um bloco forte, antagônico aos poderosos do mundo e que merece respeito.
12 de set. de 2003
Tinha esquecido de postar e esquecer é um bom verbo quando se trata deste sujeito, mas o Olavo de Carvalho se superou na penúltima semana (ou foi a última) em que falava que os parentes dos mortos da época da ditadura não recebiam os mesmos tratamentos e como caso ilustrativo citava o do soldado (ou cabo) que explodira no Riocentro com a bomba no seu colo. É tão ridículo este sujeito que ele fala que a causa da morte do referido militar é de responsabilidade dos rebeldes, comunistas, guerrilheiros.
O panaca deve pensar que sendo a bomba dirigida ao público que estava no Riocentro, se algo deu errado foi por interferência dos guerrilheiros de Sierra Madre que acampavam na Vargem Pequena. Ele está certo ao falar que o militar foi vítima da ditadura, a mesma ditadura que preparou a bomba, que arquitetou o plano de explodi-la, mas os responsáveis são aqueles cujos os filhos adoram ver este personagem falar nas faculdades.
72% de chance de não ter paz nos próximos 10 (dez) anos
The following are the results of a poll of a representative sample of 504 adult Israelis (including Israeli Arabs) carried out for Haaretz by the Dialogue Institute on Monday evening, 7 September. Survey error +/- 4.36 percentage points (results published on 11 September):
Looking back, Oslo was:
29% Historic error were are paying for to this day
11% Diplomatic error that can be fixed
35% Honest attempt to resolve the conflict that failed
20% Historic breakthrough that was wasted
Impact of murder of Rabin on the failure of Oslo
Main factor 14%
One factor 32%
Would have failed even if Rabin lived 50%
If in 1999 a Palestinian state had been established on most of the West Bank
and Gaza, as set in Oslo, would there be peace now between the State of
Israel and the Palestinian state?
Certain yes 5%
Think yes 19%
Maybe yes
maybe no 20%
Think no 18%
Certain no 36%
Don't know/refuse reply 2%
Which Israeli was most responsible for the failure of Oslo?
Rabin 19%
Netanyahu 20%
Barak 20%
Sharon 10%
None, Israel isn't responsible for the failure 12%
Is there a chance for peace with the Palestinians?
No chance 48%
No in the coming 10 years 24%
Within 5 years 25%
Of those who replied that there was no chance of peace within the next 5
years:
Why won't there be peace in the coming years?
48% The Palestinians haven't come to terms with the existence of Israel
7% Israel hasn't come to terms with the establishment of a Palestinian state
35% Both reasons are correct
10% Don't know/refuse reply
A situação naquelas bandas endureceu demais os corações, lembro do filme sobre crianças árabes e israelenses, era louco como elas se odiavam, mesmo sem se conhecerem. Eram capazes de pensarem que o outro fosse um monstro, de que todos fossem monstros.
Quando é que vão poder fazer uma verdadeira faxina no Rio de Janeiro? Este caso Chiquinho da Mangueira é exemplar. Além de toda a sua relação com a comunidade (que deveria ser premiada, afinal visitar eleitor na cadeia não é para qualquer um), deveria também ser examinada sua, provável, relação com o propinoduto. Afinal, partindo do pressuposto de que ambos os crimes relacionavam-se com o narcotrafico, porque não que eles tivessem ligação?
Outro ponto que ninguém mais cita (parece estória de mistério) é o envolvimento do Sérgio Cabral Filho com a mulher do Silverinha. O bom moço emprega, com pomposo salário, a mulher de um conhecido como assistente direta dele e depois diz que só fez um favor. Favor para quem ? Foi um favor gratuito? Gratuito para quem, então, seria a pergunta a ser dita, porque o salário dela seria pago com o meu e seu dinheiro (se você morar em RJ).
Os 300 picaretas que Lula avisou e os paralamas cantaram se aposentaram e vieram para o Rio. Pelo visto, ou resolveram voltar ao trabalho em nossa Assembleia e Camâra ou seus filhos estão seguindo lindamente os passos do pai.
PS: no programa que a filha do Garotinho e Rosinha tentar lançar com a direção de Marlene Matos terá sorteio de automóveis? Handicap eles tem para tanto.
1 de set. de 2003
A história do mundo é sempre contada pelos vencedores, mas os novos tempos não permitem uma cegueira tão completa como as de antes. Pois bem, dois grandes jornais do Oriente Médio - o Tehran Times do Irã e o Al-Quds Al-Arabi da Arábia Saudita - culpam os EUA e Israel pela bomba em Najaf (onde morreu quase uma centena de árabes,inclusive um aiatolá). E ainda relatam um complô de extremistas judeus para exterminar o Presidente francês Jacques Chirac (que foi vítima recente de um atentado).
Sustentam a alegação de que Chirac defende o Islã e os árabes (afinal são nove milhões de votos na França) e por isso extremistas judeus planejam este atentado com o apoio da dirieta católica (a responsável pela tentativa de atentado frustada).E vão mais longeao dizer que estes extremistas judeus estão se alinhando à grupos neo-nazistas para explodir algumas mesquitas como tentativa de provocar desordem no país.
No atentado de Najaf diz um analista que prefere o anonimato de que foram encontrados indícios do Mossad (serviço secreto israelense) naquele atentado. Diz ele que Israel infiltrou bastantes agentes no Iraque para prevenir qualquer formação de unidade nacional naquele território.
Saiba mais
Ao mexer na geopolítica daquela região, sabia os EUA e Israel que teriam mais que fazer do que só liquidar o Saddam.
26 de ago. de 2003
Um grupo de juristas egípcios abriu processo contra todos os judeus do mundo pela compensação de toneladas de ouro alegadamente roubada durante o êxodo do Egito. Suporta a defesa dizendo encontrar a resposta na Torá (Êxodo, [Capítulo] 35, versículo 12 passagem 36…" ).
Obviamente que se aproveitam da defesa feita pelos judeus em busca do seu direito baseados em históricos e religiosos fatos.
http://www.memri.org/bin/latestnews.cgi?ID=SD55603
20 de ago. de 2003
Ao que parece a prosa que Zé Alencar teve com Conceição Tavares surtiu efeito. Uns quatro dias depois da prosa já estava ele na Bahia a falar que este ano seria perdido, por causa dos juros que estavam muito altos e que tiveram uma redução tímida. Por mais que soubesse do caos inflacionário que estava sendo pintado, sabia, também, o vice-presidente que a deflação já andava às nossas portas. E eis que hoje o Copom reduz à casa dos 22%. Ao que me consta a meta é de terminar o ano na casa dos 19%. Vamos ver.
"From GUNED.COM-- Jerusalem (CNSNews.com) - Iran is taking seriously the possibility that Israel might attack its nearly completed nuclear reactor in Bushehr, just as it destroyed an Iraqi nuclear reactor in 1981, an Iranian expert said here on Tuesday.
Tehran is nearing completion of a nuclear reactor with Russian help, and it announced last week that it plans to build a second reactor.
Iran and Russia both claim that the reactor is to be used for civilian purposes, but Western analysts say Iran's atomic program is a front for the development of nuclear weapons. Aqui a reportagem
A LOUCURA, AO QUE PARECE, NÃO VAI TER FIM
18 de ago. de 2003
Os irmãos Wright foram os primeiros a voar? Sim, mas quem primeiro voou, decolando com os próprios meios do solo foi Alberto Santos-Dumont. Os irmãos cara-de-pau norteamericanos foram arremessados por uma catapulta. Por mais que seu aparelho possuísse um motor, sua decolagem só era possível se fosse catapultado e que contasse com ventos acima de 40 km/h. Mas, ao que parece na reportagem da Época, algumas pessoas desconhecem esta parte da história.
O que aconteceu à cultura política do Brasil? Na década de 60 a efervescência era digna de um copo de sonrisal. Havia uma procura sobre estabilidade social, de entendimento nacional, mesmo que houvesse uma sadia dualidade política. O muro de Berlim, erigido a pouco, marcara a política mundial como a linha de Greenwich fez com o tempo.
A década de 70 serviu como o início da idade das trevas: os livros foram sendo queimados ou guardados longe do domínio público, os feudos fecharam e se fortificaram para o tempo que viria, a elite se comparou às divindades e procurou se eternizar no poder.
Os anos 80 vieram como um big bang. Uma grande explosão, seguida de várias outras menores. Os movimentos políticos do final de 70 e inicio da seguinte, a contrapartida mal executada da direita de manutenção da ordem. A própria rebeldia do rock BR, era a rebeldia política em sua essência musical, a ordem passara a ser a contra-ordem, a exigência da jovem juventude em seus direitos, era a reivindicação de seus pais que fora suprimida das gargantas.
Mas, as mudanças não ocorreram como desejava a maioria. As diretas não foram tão diretas assim. O caminho para o Brasil seguir tornava-se tortuoso. Houve a necessidade de se fazer um pacto para uma mudança, pacífica, na política brasileira. Foi nessa hora que um grupo de políticos viu que poderiam reinar no Brasil. Políticos, paulistas em sua essência, aliados com empresários de mídia anteviram um futuro brilhante para suas megalomanias. Pensaram num projeto de Brasil 2000, de como seria essa nação no próximo milênio. Arquitetaram um plano onde o mercado seria o principal agente realizador das mudanças. Para isso teriam que imitar uma nação que despontava como a maior já existente, de trazer o ‘american way of – political - life’ para o nosso dna. De importar um padrão para a classe média tupiniquim, um padrão que alterasse a inquietação de seus jovens. Afinal, uma classe média politizada é o que menos satisfazia à elite. Sua classe média precisava ser a mais superficial possível. A Barra da Tijuca, no Rio, é a síntese deste padrão hoje.
É importante lembrarmos que entre os anos de 83 a 86 a Rede Globo organizou no Estado de São Paulo o projeto SP 2000. Projeto que pretendia discutir com a sociedade os problemas e as soluções para São Paulo chegar ao ano de 2000 como um grande e forte estado. Eis alguns nomes que trabalharam neste projeto e que são peças-chaves da política dos anos 90: Leopoldo Collor era diretor da Rede Globo em São Paulo; Mário Covas, prefeito da cidade de São Paulo; Fernando Henrique, grande aposta ao Governo de São Paulo em 83 e vendido pela imprensa como eleito na eleição seguinte (perdeu para Jânio Quadros); Franco Montoro; governador de São Paulo em 83; José Serra, secretário de economia de Mário Covas.
Na primeira eleição democrática depois de finda a ditadura, a elite se mostrava coesa apesar do excesso de candidatos. Havia uma pequena disputa interna sobre qual grupo coordenaria aquele projeto supramencionado. Tudo foi meticulosamente estudado, Collor foi gerado nas salas de reunião de uma agência de publicidade, levaria o seu grupo ao poder e para tanto seguiria as diretrizes de seus marqueteiros. Seu tempo de exposição em mídia foi bem programado, começou um ano e meio antes na mídia impressa, seus arquivos foram ‘esfriados’ para não descobrirem de quem se tratava. Porém, o brasileiro é um povo interessante e, assim como não compraram a roubalheira fabricada pela Rede Globo contra Brizola e nem aceitaram o clima de já ganhou com FH em São Paulo, mostraram que votariam naquele sapo barbudo que iria promover uma mudança radical na vida brasileira.
A elite se reuniu e fecharam com o Collor, que afinal todos sabiam do que queria: dinheiro e poder. Com Lula seria diferente. O PSDB, recém-formado e saído de um PMDB arrasado, orgulhoso de se auto intitular ‘o velho MDB da época da ditadura’, de ser o fiel depositário da social-democracia leva duas semanas para dar o seu apoio ao candidato do PT. Neste caso em particular, a elite partiu. O grupo de Mário Covas, em oposição ao de FH, decidira apoiar Lula, porém, o estrago já estava feito.
Quando Collor perdeu o apoio popular, a elite procurou talhar-lhe o poder. Collor não aceitou e em seu esperneio levou a vir à tona a trama em torno de sua candidatura. Novamente, a elite se juntou para conduzir o Brasil ao novo milênio. Com a queda do Muro, sabiam que o discurso petista faria pouca diferença, afinal, o que se vendia na mídia era a de que a esquerda fora banida da face da terra, não havia mais direita, agora faziam todos parte de um só: era a era do pensamento único.
A oportunidade era aquela, o ordenamento era perfeito: o Estado no mundo era visto como nocivo ao mercado e o mercado era oferecido como a redenção do progresso mundial. O progresso científico acarretaria no progresso da humanidade, o bem-estar social seria ditado pelo consumo. As privatizações poderiam vir sem problemas, qualquer tentativa de impedimento por parte da sociedade seria tratada como atrasados, de pessoas sem senso de visão, de velhos comunistas chorosos da velha ordem. Enquanto o mundo discutia se a esquerda realmente sumira, aqui se tratava como verdade absoluta.
Mas o projeto do Brasil 2000 sucumbiu perante o mercado. As crises cíclicas do capitalismo tornavam-se mais constantes, a elite começa a duvidar do caminho a seguir. Alguns grupos acreditam que é a hora de seguir rumo próprio, mas o grupo de FH prefere continuar com o consenso de Washington. Começa a ruína do sistema.
O bombardeio de informações na mídia já não basta para desestabilizar a população, manobras marqueteiras já não conduzem a massa eleitoreira com a facilidade de 10 anos atrás e a esquerda faz uma intrigante composição política, mas sem o fisiologismo da aliança PSDB – PFL. Hoje, se diz que o governo de esquerda age como de centro, mas não falam que o governo passado que se dizia de centro-esquerda era de direita.
Mas uma coisa foi alterada no dna brasileiro, a crença de que esquerda já não existe mais. As pessoas crêem que o PT é o PSDB, acreditam que não existem diferenças entre as políticas partidárias, perderam a capacidade de síntese e de se organizar para mudar. A mídia continua com seu esvaziamento de conteúdo, mas agora criou-se o contrapeso de um Estado nacional forte, onde o papel da mídia terá que ser revisto. Afinal o discurso oficial agora é outro. A alienação será combatida e não estimulada. Muita coisa precisa mudar, mas o novo milênio começou de um modo muito particular, bem diferente de como julgava a elite e isso é ótimo.
Câncer no cérebro é a terceira maior causa de mortalidade infantil no Brasil. Diz, na reportagem, que gestantes que fumam maconha aumentam as chances de ocorrer este tipo de tumor em seus filhos. Bom, se câncer no cérebro é a terceira maior causa de morte infantil podemos tirar algumas conclusões: ou as mães estão fumando cada vez mais um baseadinho, ou as mães são cada vez mais novas e mais inconseqüentes de suas responsabilidades. De qualquer maneira é um índice alarmante.
11 de ago. de 2003
Ciclo de debates em homenagem ao centenário de nascimento de Theodor W. Adorno (1903-1969)
12 de agosto a 18 de novembro 2003
Terças, às 20 horas
Instituto Goethe São Paulo
Rua Lisboa, 974 – Pinheiros
Tel. 3088-4288 – Entrada franca
Pena que não poderei assistir ou gravar, porque os palestrantes são muito interessantes.
Se quiseres a programação completa, aqui.
8 de ago. de 2003
Morreu o homem que queria construir o Brasil ao seu feitio. Quase doentio são as homenagens à ele oferecidas nos diversos meios de comunicação. Em todos os meios, diga-se de passagem.
Na televisão, porém, chega ao absurdo de mostrar os anônimos que adoravam o capo de tutti capi. O Jornal da GLobo mostrava pessoas comuns despedindo-se do corpo que seguia para o funeral, das carpideiras espontâneas que emolduram qualquer cortejo funerário.
Depois vieram os famosos. Ministros, presidentes, governadores, e os ex de todos os quadros, todos enaltecendo o valor combativo daquele imperador da Globo. Esses são as carpideiras políticas onde, lembrando Alckmin (não o Geraldo), morreu para vocês, mas que continua vivo no meu coração.
Jornalistas, de todo os portes e estirpes, lembraram a frase dita durante a ditadura de que não deveriam mexer com os comunistas dele. Assim como de sua frase de que o jornalista deve ousar, correr o risco de interpretar a opinião pública, como se isso pressupusesse liberdade. Deveriam lembrar de que os jornalistas interpretariam a opinião pública, de acordo com a opinião do mandarim do jornal.
Ele interferiu na vida do Brasil, para o bem e para o mal. Mas as editorias só irão lembrar do bem, sabendo que muito mal ele fez. Se algum dia alguém viu o potencial que teria a televisão para educar o nosso povo, esse alguém foi Gílson Amado (fundador da TVE) e não 'a múmia do Cosme Velho'. O mais impressionante é que quando foi anunciado a morte, durante um jogo de futebol, houve uma comemoração, como a de um gol, perto da minha casa. Telefonei aos meus pais para contar-lhes o acontecido e eis que meu pai indaga: "Ué, ele já não tinha morrido?"
29 de jul. de 2003
Como os Estados Unidos, dando às costas aos princípios que nortearam os principais arquitetos dessa nação, chegaram ao ponto de achar que têm por missão travar a luta do Armageddon, no Iraque ou em qualquer outro lugar?
por Lewis H. Lapham
No inverno passado, antes que a 3ª Divisão de Infantaria norte-americana penetrasse no Vale do Eufrates, no dia 21 de março, tive a oportunidade de visitar freqüentemente a Europa. Em quatro países e cinco idiomas distintos, as manifestações de antiamericanismo subiam constantemente de intensidade e de força de uma para a outra semana. Os norte-americanos – me perguntavam – querem se apoderar dos campos de petróleo iraquiano ou é o Pentágono que está louco para testar uma nova série de explosivos? Os norte-americanos realmente pretendem construir, no meio do deserto da Mesopotâmia, um vilarejo “democrático” do tipo Potemkin1? São os adeptos do Grande Israel que ditam a política da Casa Branca? Colin Powell chega a pensar ou é apenas uma espécie de brinquedo mecânico que se coloca na frente de um microfone para repetir mensagens humanitárias já gravadas? Seria George W. Bush um ladrão desajeitado ou um crápula piedoso?
Quer mais? clique aqui
25 de jul. de 2003
Quando irá o homem perceber que descende da natureza e não de Deus? Ao basear a espécie na crença de que fomos ungidos por uma graça divina, nos desligamos das coisas mais fundamentais da vida, a de respeitar o meio em que vivemos, em todas as suas ramificações. Assistimos a tudo e, cada vez mais, menos reagimos as agressões sofridas ou presenciadas. A vida se tornou estéril pela força do mercado, quanto menor for valor tiver da espécie humana, maiores serão os lucros obtidos.
24 de jul. de 2003
No futebol vemos um futuro promissor. Atingimos um nível de excelência onde, graças as nossas particularidades, só perdermos para nos mesmos. Parte do caos administrativo, parte da penúria de nossa nação, mas mesmo assim, produzimos craques à montão. São Rivaldo, Ronaldo, Romário, hoje; Zico, Sócrates, Falcão, Bebeto, ontem; Romeu, Leônidas, Nilton Santos, Didi, Gérson, Rivelino,Tostão, história; Pelé e Garrincha, eternidade.
E amanhã teremos Diego, capaz de dar um balão, tal qual fez Romário contra o Uruguai, lindo, no meio de campo, milimetricamente executado no norte-americano que não lembro o nome; o Robinho e suas pedaladas; Kaká com a fleugma de um lorde inglês ao tentar o arremate final; o jovem Nilmar, magro, aparência franzina, mas que se transforma com a bola nos pés. Que jogo contra os EUA está fazendo esta sub-23, muito bom.
No político vemos uma reviravolta sem precedentes na América Latina. Se será bom ou ruim, não sei. O quê sei é que um novo paradigma surgiu. Afinal alguém acha que é fácil um Rei abrir as portas para receber a mulher de um trabalhador? No caso brasileiro e parodiando Zuenir, a elite partiu. A ascensão de Lula e do PT ao poder introduziu novos jogadores num, então, grupo fechado. Grupo este que estava sendo capitaneado pelo PSDB e que ainda não digeriu a derrota. Este seleto grupo é daqueles responsáveis pela transição lenta de ditadura para democracia, transição essa lenta e acordada. A manutenção dos antigos cacifes e outras aberrações políticas de nossa terra encalacrou um processo que só veio se resolver 13 anos depois, quando a elite se dividiu e a eleição de Lula foi possível. As próximas eleições será uma guerra sem fim que será promovida pelo PSDB, o partido do medo. As lamentações já começaram com o medo da violência nas grandes cidades, vindo do narcotráfico; no campo, vindo do MST.
No social há a possibilidade do medo vencer. O abismo entre pessoas é enorme, as redes sociais foram deterioradas, não interessando por quem, mas que as providências sejam tomadas a tempo ou do contrário a nossa guerra civil se mostrará real. Por enquanto a Pastoral da Terra e outros grupos similares seguram o povo, mostrando que tendo fé que irá mudar, mudará.
23 de jul. de 2003
A totalidade dos meios dirigentes norte-americanos construiu e consolidou um ´sistema´ pró-israelense de tal forma enraizado na vida política, social e cultural dos Estados Unidos, que sua derrota tornou-se praticamente inconcebível.
por Serge Halimi
Le Monde Diplomatique - Brasil
Vale a pena ler este ótimo texto de Halimi
"'Following on our secret letter No. (3870) of 1/19/2003. In the event of the downfall of the Iraqi leadership in the hands of the American, British, and Zionist forces, God forbid, it is incumbent on all the members of the agencies listed above to act in accordance with the instructions listed below:'
'Looting and burning of all state agencies connected with our directorates and other [government agencies]'
'Changing residence from time to time'
'Destroying power generating stations'
'Destroying water installations'
'Mobilizing of dependable elements and bringing them into mosques'
'Joining the religious centers in Najaf'
'Joining the nationalist and Islamic parties and groupings'
'Cutting off internal and external communications'
'Purchasing stolen weapons from citizens'
'Establishing close ties with those who are returning from outside the country'
'Assassination of imams and preachers of mosques.'
'Copies to:'
'Secret Service Bureau - Baghdad'
'Secret Service Bureau - [unclear]'
'Secret Service Bureau - [Basra]' "
Fonte: MEMRI: Últimas Notícias: