29 de jan. de 2003

O fim da desinformação oficial

Isso foi extraído do Globo e, finalmente, a desinformação oficial está com os dias contados. A chegada de bucci para assumir a Radiobrás demonstra o zelo que este governo terá com a informação. Será o fim de uma época escura, onde para se fazer uma reportagem era preciso ter o 'aval' da chefia. No final, ficávamos só tratando de amenidades. Pois bem, entramos no renascimento de uma imprensa oficial onde nossos males não serão mais acobertados. Veremos como o poder vai aprender a lidar com esta nova fase da Imprensa Oficial
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Bucci assume a Radiobrás e afirma: ‘Vamos mostrar tudo’
Evandro Éboli

BRASÍLIA. O novo presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci, disse ontem que, no embalo do governo do PT, já pôs o jornalismo da empresa de comunicação do governo para cobrir notícias e eventos aos quais nunca dera atenção antes. Ele citou como exemplos informações sobre os efeitos da fome no país e a a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus ministros ao semi-árido e o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre.

— Quando a Radiobrás mostrou a fome? O que mudou foi o foco das ações do governo. Não se esconde mais a fome nem o semi-árido — disse.

Doutor em ciência da comunicação, Eugênio Bucci, de 44 anos, há pouco tempo estava duplamente do outro lado: além de estar fora do governo, atuava como crítico de televisão. Ele foi militante do grupo Liberdade e Luta (Libelu) e está filiado ao PT desde a década de 80. Durante quatro anos, foi editor da revista “Teoria e Debate”, uma publicação do PT. Antes de assumir a Radiobrás, Bucci era crítico de TV do jornal “Folha de S. Paulo”.

“Não quero mudança cosmética, de estilo”

Bucci disse que pretende criar uma relação de mão dupla com o ouvinte, o telespectador e o usuário dos serviços da Agência Brasil na internet. Bucci vai criar o cargo de ombudsman, que não se limitará a receber sugestões e críticas do público. O ombudsman terá autonomia para criar programas que vão contar com a participação do público. O formato ainda está sendo pensado:

— Não quero mudança cosmética, de estilo, de vinheta. Mas, sim, uma mudança na interação com o público.

Bucci assume a Radiobrás garantindo que os veículos da empresa não serão instrumentos de propaganda do governo, e que não vai trabalhar com a desinformação.

— Vamos mostrar tudo. Será uma empresa pública de comunicação orientada pelo direito à informação — disse.

O presidente da Radiobrás disse que não haverá contradição entre o direito à informação com o que o governo tem interesse em comunicar.

— Os melhores exemplos são as transmissões da visita ao semi-árido e o Fórum Social Mundial. O povo precisa de comida e de informação de qualidade — disse Bucci.

As emissoras de rádio e TV da Radiobrás, segundo Bucci, vão atuar também na orientação da população em duas frentes: na prestação de serviço e de cidadania.

— Orientação de planejamento familiar, saúde, educação são temas que vão estar do lado de dicas de cidadania, de como exercer com independência seu voto ou se organizar na sociedade civil. Há carência desses direitos — disse.

O objetivo de Bucci é não pôr o sistema Radiobrás para disputar com os meios de comunicação do país:

— O país não pode viver sem a imprensa de mercado saudável, não monopolista e oligopolista. Ela é vital para fiscalizar o governo. Seremos um sistema de informação complementar.

Bucci se espanta com o estado da Rádio Nacional

A Radiobrás vai continuar auxiliando a imprensa com fotos e o serviço de agência de notícias. Na semana passada, o presidente da Radiobrás esteve no Rio. Foi visitar a Rádio Nacional e saiu espantado. Bucci filmou as péssimas condições das instalações e está exibindo a fita no governo. Quer apoio financeiro para recuperar a histórica emissora.

— É o início da política de não esconder os fatos.

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