30 de jan. de 2003

Yadon Ilaheyya
Ou como o ser humano é capaz de achar graça nas situações mais dantescas.
Poderia se dizer, também, como é similar a vida dos cariocas e dos palestinos, com zonas de proteção para 'cidadãos de boa índole' e zonas de conflito iminente, geralmente com os favelados. Lógico que também há os casos de intersecção de zonas, onde as zonas de proteção se chocam as de conflito.
Esta reportagem foi extraída da BBC Brasil.

O filme Intervenção Divina, do diretor palestino Elia Suleiman, em cartaz em Londres, tem o objetivo de mostrar a vida nos territórios ocupados por Israel.

Os críticos têm comparado Intervenção Divina aos trabalhos de mestres da comédia no cinema mudo como Buster Keaton.

Elia Suleiman explica que esta comédia de humor negro, com longos silêncios e poucos diálogos, tenta dar uma idéia do cotidiano na área entre Jerusalém e Ramallah.

Segundo o diretor até nos pontos mais perigosos do mundo as pessoas acabam se acostumando a eventos extraordinários.

Em um ritmo lento, Suleiman mostra uma série de eventos, desde a realidade banal dos ataques com coquetel Molotov e buscas em postos de fiscalização do Exército israelense, até seqüências que mais parecem sonhos.

O diretor insiste que seu filme - cujo subtítulo é Uma Crônica de Amor e Dor - oferece uma visão alternativa à questão do confronto entre palestinos e israelenses.

"Para aqueles que recebem informações sobre o conflito apenas pela televisão e por reportagens sensacionalistas, o filme pode passar outra imagem", disse ele.

"O que as pessoas enxergam é uma história muito reduzida com os estereótipos do opressor e oprimido. Este filme não fala nada sobre a Palestina, as pessoas não saem sabendo mais geografia ou a situação sócio-política", afirmou Suleiman.

O filme foi aclamado no Festival de Cinema de Cannes, na França, onde ganhou o prêmio da crítica internacional.

Nos Estados Unidos, entretanto, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood não aceitou o filme como candidato a melhor produção de língua estrangeira.

A Academia não reconhece a Palestina como um país.

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